Agropecuária

Safra de algodão 2020/21 da Bahia encerra com alta produtividade e qualidade

Foto: Abapa/Divulgação

As chuvas bem distribuídas no ano agrícola, o controle do bicudo-do-algodoeiro e a menor pressão de pragas, em geral, contribuíram para os resultados alcançados nas fazendas e nos laboratórios de análise de fibra de algodão na Bahia. A produtividade no estado ficou em 315 arrobas de algodão em capulho por hectare, que, com rendimento de pluma em torno de 41%, bateu em 1.938 quilos/ha do produto beneficiado. No oeste da Bahia, onde se concentra a produção, a marca foi ainda maior: 320,8 arrobas/há, ou cerca de 1.973 quilos de pluma/ha. Os números foram divulgados nesta quinta-feira (23) pela Associação Baiana de Produtores de Algodão (Abapa).

Ao todo, foram colhidas 1.260.781 toneladas de algodão em caroço no estado (516.920 toneladas de pluma), mantendo a Bahia como o segundo maior produtor nacional de algodão. Embora ainda não tenha o número exato da área a ser cultivada na safra 2021/2022, a Abapa estima que a intenção de plantio seja 9% superior à consolidada em 2020/2021, de 266.662 hectares.

Segundo a Abapa, os preços estão bons, oscilando entre 90 e 95 centavos de dólar por libra-peso, em Nova Iorque. Mas o indicador da commodity não é o único fator que pesa na decisão do cotonicultor. “Levamos em consideração a rentabilidade e o custo de produção. Nesta conta, a soja, e mesmo o milho, tem levado vantagem nos últimos anos. A nossa previsão é conservadora, tendendo a otimista. Acreditamos que teremos um discreto aumento de área”, diz o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi.

No laboratório de Análise de Fibras da Abapa, em Luís Eduardo Magalhães, mais de 1,8 milhão de amostras, de um total esperado de 3 milhões, já foram processadas e a qualidade, sobretudo no “visual”, chama atenção. “O clima foi muito bom para a qualidade do algodão, com chuvas quando precisava chover e ausência delas no momento da colheita. Essa condição, por si só, já contribui para a cor e o brilho do produto. Mas há outros fatores, como manejo de pragas e doenças, as variedades plantadas e as tecnologias incorporadas nas lavouras, que fazem diferença na classificação”, explica o gerente do laboratório, Sergio Brentano.

Conforme Brentano, os índices alcançados na classificação instrumental, através do HVI (High Volume Instrument), também foram muito positivos, com destaque para características intrínsecas da fibra, como tamanho e finura, além da redução do percentual de fibras curtas. “Isso difere muito a cada safra e tem relação direta com o tipo de variedade plantada, mas o que podemos dizer é que com clima bom e trabalho dos produtores, estamos obtendo ótimos resultados neste ciclo.”

Bicudo sob controle

O bicudo-do-algodoeiro e outras pragas da cultura não representaram um grande problema na safra 2020/2021. De acordo com o coordenador do Programa Fitossanitário da Abapa, Antônio Carlos Araújo, o índice de infestação foi discretamente maior que 2019/2020, quando ficou em 1.56%, e menor que no ano-safra anterior, 2018/2019, cuja média foi de 2.69%, nas lavouras do oeste da Bahia. “Aos 150 dias, constatamos uma média de 1.61% de bicudos por botões atacados”, assinala. Este resultado, pontua o coordenador, é atribuído a fatores como manejo adequado, incorporação de tecnologias e clima favorável à realização desses procedimentos.

Foto: Abapa/Divulgação

“Há uma conscientização crescente do produtor em relação ao combate dessa praga, que tem potencial de destruição de até 100% das lavouras. O cotonicultor investiu no monitoramento intenso até o final do ciclo e isso impactou diretamente na alta produtividade alcançada no período. De uma maneira geral, podemos afirmar que o bicudo não trouxe perdas ou danos expressivos em 2020/2021”, observa.

No período, a Abapa deu continuidade às ações de conscientização do produtor e de agentes de outros elos da cadeia produtiva, como os relacionados aos transportes, com blitz e campanha em outdoors sobre a maneira correta de acondicionamento das cargas, para evitar o escape de sementes e o surgimento de tigueras. O produtor também foi impactado pela campanha, que alertou para a importância do manejo correto de plantas voluntárias e restos culturais.

Vazio sanitário

Desde o dia 20 de setembro, e até o dia 20 de novembro, a maior parte dos municípios produtores da fibra no oeste da Bahia está sob o regime de vazio sanitário, definido pela Portaria 201 da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab). São eles: Cocos, Jaborandi, Correntina, Santana, Barreiras, Formosa do Rio Preto, Luís Eduardo Magalhães, Riachão das Neves e São Desidério. A exceção, no oeste, são a microrregião de Campo Grande, no município de São Desidério, Baianópolis e Wanderley, onde o período fixado vai do dia 11 de setembro até 10 de novembro.

A região sudoeste da Bahia segue um calendário de vazio diferente, de 1º de setembro a 30 de outubro. Essa área inclui os municípios de Brumado, Caculé, Caetité, Candiba, Guanambi, Iuiu, Lagoa Real, Livramento de Nossa Senhora, Malhada de Pedra, Palmas de Monte Alto, Pindaí, Rio do Antônio, Sebastião Laranjeiras, Tinhaçu, Urandi, Bom Jesus da Lapa, Carinhanha, Igaporã, Malhada, Muquém do São Francisco e Serra do Ramalho.

Durante o vazio sanitário, não pode haver plantas vivas de algodão na área estabelecia por lei, inclusive as tigueras, as chamadas “plantas voluntárias”, que, geralmente, nascem fora das lavouras, à beira das estradas. O objetivo da medida é evitar que o bicudo se hospede nessas plantas, na entressafra, aumentando a pressão populacional no ciclo seguinte”, afirma Antônio Carlos Araújo, enfatizando os esforços da Abapa na conscientização do produtor tanto para o cumprimento do vazio, quanto para a destruição das soqueiras e tigueras, durante e após a colheita.

 

 

 

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