O agro na China
Tito Matos*
Uma comitiva de 102 empresários do agronegócio acompanha o presidente Lula em sua viagem à China esta semana. Eles viajarão por conta própria com a intenção de expandir os negócios com o país asiático. As perspectivas desta vez são animadoras, bem diferente do governo anterior, que se referia aos chineses com gracejos e explícito deboche. É possível que essa gente não saiba que os chineses são nossos principais parceiros comerciais, notadamente na área das commodities agrícolas. Apesar dos pesares, o Brasil é no momento o principal fornecedor para eles.
Trata-se de um mercado incomensurável que o nosso agro pode se aproveitar. Sabe-se que até a porteira das fazendas, o agronegócio brasileiro é imbatível. A partir daí surgem os percalços que todos conhecem. Contudo, o Brasil oferece ao mundo volumes abundantes, preços competitivos e produtos de qualidade. Tal condição desperta a ciumeira e o despeito dos concorrentes.
O Brasil já exporta para o país asiático volumes crescentes de soja, carnes (proteínas), milho, açúcar, óleos vegetais, celulose, algodão, entre outros produtos. Não resta qualquer dúvida que a China é muito importante para o crescimento de muitas culturas no Brasil. Vale aqui realçar que de 2012 até o ano passado, em 10 anos, as exportações do agro para a China alcançaram US$ 312 bilhões. Nada desprezível, hein!?
Lula embarca para Pequim na sexta-feira (24). Na próxima terça-feira (28), o presidente terá uma série de reuniões com os chineses. Na quarta-feira (29), está marcada uma audiência de Lula com autoridades chinesas e os empresários da comitiva presidencial, incluindo empresários de outros setores da economia.
Esta viagem terá também um importante significado político, além do econômico e diplomático: poderá servir para reaproximação do agro com o presidente Lula, cuja relação andou estremecida durante a campanha presidencial. Parcelas significativas desse setor assumiram uma atitude arredia e repelente à chapa Lula/Alkimin. Esta viagem se faz em momento oportuno, em boas-novas, para se colocar essa relação em pratos limpos. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, saberá recepcionar os “comensais” e cuidar do cardápio também. Bons negócios, digo, bom apetite.
*Jornalista, ex-assessor de imprensa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA)
