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Agro: A copa será nossa

Tito Matos*

Numa entrevista publicada nessa segunda-feira (17), na Folha de S.Paulo, o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues mostrou mais uma vez que sabe de cor e salteado (e atualizado) todos os conteúdos que constam no volumoso tomo do agro.

Titular da pasta entre 2003 e 2006, no primeiro governo do presidente Lula, e torcedor fanático do São Paulo, Rodrigues disse que o cerrado é hoje o Maracanã onde será jogada a final da copa do mundo da alimentação. “Temos hoje, de longe, a melhor tecnologia tropical do planeta. Se pararmos outros passam na frente”.

Segundo Rodrigues, o Brasil pode chegar tranquilamente, em 20 anos, a 500 milhões de toneladas de grãos, sem desmatamento. “Em termos de produção, o céu é o limite.” A safra deste ano, segundo previsão da Conab, será de 317 milhões de toneladas. O ministro explica que há 50 anos importávamos 30% do que consumíamos. Hoje, somos o terceiro maior produtor mundial de alimentos, e o primeiro em saldo comercial.

— Hoje, cultivamos 77 milhões de hectares com grãos. Se tivéssemos hoje a mesma produtividade de 1990, seriam precisos 126 milhões de hectares para colher a safra deste ano.

O ex-ministro revelou que a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que, em 10 anos, a oferta mundial de alimentos precisa crescer 20% para que não falte comida para ninguém e para que haja segurança alimentar, que é a única garantia de estabilidade política e social nos países.

Em sua entrevista à FSP, Rodrigues pontuou alguns gargalhos que amarram um maior crescimento do nosso agro: logística, infraestrutra. “A gauchada foi para o Centro-Oeste e puxou o resto do Brasil. Mas a ferrovia, o armazém e o porto não foram. É preciso financiamento, segurança jurídica, reforma tributária, para que o investidor confie e faça aportes em infraestrutra.

Para a nossa crescente produção, o ministro enfatiza que é preciso buscar mercados e firmar acordos comerciais. “O acordo União Europeia-Mercosul é fundamental, sem esquecer que a sustentabilidade é essencial, condição para a competitividade.”

Ele defendeu mais recursos para o seguro rural. “Quando fui ministro, a primeira coisa que fiz, em 2003, foi o seguro rural”. Para o ministro, tendo seguro qualquer banco dá crédito para o produtor, pois não tem risco. O seguro é elementar. EUA e a Europa têm.

— Acabar com o que é ilegal, com o desmatamento ilegal, os incêndios criminosos, invasão, grilagem de terra, garimpo clandestino. Tem que fazer cumprir a lei. A ilegalidade bate na sustentabilidade. Essa coisa que é feita por aventureiros e bandidos tem que ser enfrentada com o rigor da lei.

*Jornalista, ex-assessor de imprensa do Mapa, da Conab, da FPA e da Câmara dos Deputados

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do AGROemDIA

 

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