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Cientistas buscam novos processos de produção de alimentos

Gil Reis*

Desde que a ONU divulgou que a população humana chegaria em 2050 à cifra de 10 bilhões de habitantes, alguns líderes mundiais ficaram extremamente preocupados com o crescimento populacional de seus próprios países. Que a população mundial vem crescendo não há qualquer dúvida, todavia, é preciso distinguir que o aumento da população de certos países não é fruto de crescimento natural, mas sim da migração de habitantes de certas nações com o povo fugindo das guerras incentivadas e financiadas por muito dos líderes ‘preocupados’.

Enquanto os tais lideres preocupados deslancham programas ‘ambientalistas’ que promovem grandes campanhas de restrições na produção de alimentos, usando como argumentos o aquecimento global e as alterações climáticas, não apenas para evitar o crescimento populacional, principalmente para diminuir as populações usando como arma a fome. A equação é simples com a redução da produção as pessoas mais carentes perdem o acesso aos alimentos não somente pela falta deles como também pela falta de poder aquisitivo em função do aumento dos preços.

Cientistas sérios vêm estudando e promovendo maneiras de aumentar a quantidade dos alimentos produzidos, como mostra reportagem publicada pelo site DW em 17 de julho de 2023, sob o título “Segurança alimentar: a IA e a edição de genes podem combater a fome global?” assinada por Tim Schauenberg. Transcrevo trechos:

“Especialistas dizem que precisamos criar plantas de alto rendimento e resistentes ao clima para alimentar a população global. DW analisa como os domínios inovadores da edição genética e da inteligência artificial estão moldando uma revolução agrícola. Produzir o que precisamos comer representa um fardo enorme tanto para o clima quanto para o meio ambiente. No entanto, ao mesmo tempo, quebras de safra causadas por tempestades extremas, secas e ondas de calor ameaçam a segurança alimentar de uma população global crescente. Em uma indicação clara do dilema que enfrentamos, um relatório do World Resource Institute (WRI) disse recentemente que, para alimentar a população mundial, os humanos devem produzir mais, mas sem aumentar o uso de recursos e terras.

Os cientistas querem usar IA e o que é conhecido como tesoura genética CRISPR-CAS9 para desenvolver superculturas resistentes ao clima, capazes de oferecer rendimentos mais altos com menos recursos. Eles fazem isso modificando os genes das plantas usando um método chamado edição do genoma. O arroz oferece um campo perfeito para experimentação. Tradicionalmente uma planta com muita sede que cresce submersa na água, o arroz foi duramente atingido pela seca extrema da Itália à China e ao Paquistão. Uma nova variedade chamada IR64 pode ajudar. Ela cresce principalmente na Ásia e partes da África, mas é vendida em todo o mundo.

A modificação genética tornou a planta mais resistente à seca. Em algumas semanas, precisa de até 40% menos água do que antes. E enquanto a planta-mãe morreu após uma semana sem água, metade das plantas modificadas sobreviveram. A edição do genoma é fundamentalmente diferente da engenharia genética tradicional. “Na verdade, depende de processos naturais. Mas torna o processo de mutação muito menos aleatório”, disse Detlef Weigel, biólogo da Max Planck Society, na Alemanha.

A maioria dos produtos geneticamente modificados, sejam animais ou plantas, foi implantado com um gene artificial ou de outro organismo. Algodão ou milho resistente a insetos, por exemplo, contém um gene que veio originalmente de uma bactéria. Em vez de usar DNA estranho, a edição genética pode alterar o código genético usando o DNA do próprio organismo. Com enzimas especiais que funcionam como tesouras, os genes da planta podem ser excluídos, trocados ou repetidos. Levaria muitas dezenas de gerações reprodutoras para transferir um único gene por cruzamento natural. E isso simplesmente levaria muito tempo para ser viável, explicou Weigel. “Portanto, a edição do genoma é realmente superpoderosa porque você pode alterar um único gene. E pronto!” Enquanto o cruzamento pode levar mais de dez anos para obter o resultado desejado, a edição de genes leva apenas alguns meses e a fase de testes alguns anos.

E não se trata apenas de arroz resistente à seca. Alguns estudos mostram que é possível aumentar a produção de tomate em até 70%. Outros estão tentando cultivar soja em solos estéreis e salinos ou reduzir as emissões de metano do arroz. E os cientistas quenianos estão desenvolvendo o que chamam de ” banana inteligente “. Em seu laboratório, eles conseguiram ativar um gene que liga o próprio sistema imunológico da planta como medida preventiva contra um vírus que se torna ativo durante a seca.  

Além disso, os genes que ajudam a aumentar a produtividade em certas secas fazem com que diminuam em anos úmidos. E como um grande número de genes está envolvido nessas características, geralmente não é suficiente simplesmente ativar ou desativar um ou dois deles. Quanto menos otimizada for uma cultura, mais fácil será aprimorá-la. Como resultado, o CRISPR oferece o maior potencial para variedades antigas que ainda não foram cultivadas e cultivadas em escala industrial.  A pesquisa em plantas editadas por genes está ganhando ritmo em todo o mundo. Embora apenas um punhado de patentes tenha sido registrado em 2011, em 2019 havia quase 2.000, a maioria delas de empresas privadas ou instituições públicas de pesquisa.

Com os EUA e a China, bem como empresas multinacionais, investindo pesadamente na tecnologia, espera-se que um mercado multibilionário surja até o final da década. Na UE, as culturas geneticamente modificadas são rotuladas como geneticamente modificadas e, portanto, estritamente regulamentadas, embora os proponentes digam que seria mais correto falar em termos de um novo método de reprodução em oposição à manipulação genética.

Enquanto isso, nos EUA, na China e em muitos países latino-americanos, os cultivos editados pelo genoma não precisam ser rotulados ou controlados como geneticamente modificados, e o setor deve lançar vários cultivos nos próximos anos. A Índia também relaxou recentemente suas regulamentações.  Mas, independentemente das regras e por mais avançados que sejam os métodos mais recentes, a reprodução convencional continuará a desempenhar um papel vital na alimentação da população global.”

Pois é, os ‘ambientivistas’ e as ONGs internacionais se preocupam com o meio ambiente sob o argumento de salvar o planeta para uma elite de maior poder aquisitivo, ao mesmo tempo que cientistas sérios se preocupam com a alimentação da população humana global. A pergunta que deve estar nos lábios dos tais ambientivistas é: Para o que e para que os pobres têm tanta necessidade de alimentos?

“Aprendeu a preparar alimentos cultivados ou tirados da terra, fosse na cozinha da mãe, fosse sobre uma fogueira. Aprendeu que comida era mais do que ovos frescos que pegava no galinheiro ou uma truta bem grelhada. Comida significava sobrevivência” – Nora Roberts, “De sangue e ossos” (Trilogia Crônicas da escolhida).

 *Consultor em Agronegócio

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do AGROemDIA

 

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