Futuro do comércio global
Gil Reis*
Temos que reconhecer que as mudanças na vida são inevitáveis, inclusive no comercio global, o que não é nenhuma novidade. Quem não muda, acaba ficando para trás. No mercado empresarial não existem planícies, somente ladeiras. Quem não está subindo, está descendo. O comercio global, para se manter, precisa estar em constantes mudanças e adaptações de acordo com o tempo e o espaço, sob pena de perder o seu objetivo de ‘encarar’ novos tempos e as mudanças de forças que comandam a geopolítica.
O site BCG publicou, em 8 de janeiro deste ano, a matéria “Empregos, segurança nacional e o futuro do comércio”, de autoria de Marc Gilbert, Nikolaus Lang, Georgia Mavropoulos e Michael McAdoo. Transcrevo trechos:
“À medida que a economia global se ajusta às persistentes pressões e perturbações econômicas e geopolíticas, as rotas familiares que definiram o mapa do comércio mundial estão a ser redesenhadas e os blocos comerciais estão a desempenhar um papel mais importante. Além disso, o comércio global está a crescer a um ritmo mais lento do que a economia mundial, uma mudança fundamental em relação à tendência do globalismo liderado pelo comércio que tem prevalecido desde o fim da Guerra Fria. Prevê-se que o comércio mundial de bens cresça 2,8% ao ano, em média, até 2032, em comparação com uma taxa de crescimento estimada de 3,1% para o PIB global no mesmo período, de acordo com um estudo.
A emergência e a crescente proeminência de blocos comerciais estão a ter um efeito atenuante nas rotas comerciais tradicionalmente profundas e de rápido crescimento, como a China-EUA e a China-UE. Cinco dinâmicas comerciais globais emergentes caracterizarão o mundo na próxima década.
O clima comercial mais frio faz parte de uma reordenação do mapa do comércio mundial que está a tomar forma na sequência dos recentes choques duplos da pandemia e da guerra na Ucrânia, acompanhados por um aumento do protecionismo comercial e uma queda no sentimento de globalização. Uma variedade de fatores está a contribuir para a relocalização da indústria transformadora em todo o mundo, com um previsível efeito de atenuação no comércio global.
Uma característica da nova ordem comercial mundial será a crescente proeminência dos blocos comerciais – especialmente a América do Norte, a UE, os países da ASEAN e, potencialmente, os BRIC – à medida que a produção se aproxima dos mercados finais. Os blocos são atraentes para os países que procuram limitar o atrito geopolítico através do comércio com entidades vistas como parceiros “amigáveis”, especialmente onde existem acordos comerciais, como a UE, USMCA, Acordo Abrangente e Progressivo para a Parceria Trans-Pacífico, Parceria Económica Regional Abrangente, e Acordo de Comércio Livre UE-Vietname.
As forças que tiveram um efeito atenuante sobre o comércio global nos últimos anos continuarão a ser um fator na economia mundial e na tomada de decisões empresariais. As empresas que dependem de cadeias de abastecimento globais devem reconhecer que os desafios que afligem o comércio global vieram para ficar e devem continuar a diversificar as suas redes e a construir resiliência.”
A mudanças são inevitáveis, como já afirmei, na medida que a geopolítica, como as placas tectônicas do planeta, está em constante mudança, dependendo da força política, militar e comercial dos países. O texto publicado pelo BCG nos dá a visão de hoje sobre o comércio global, o que não significa que tal ‘status’ não sofrerá alterações em futuro próximo. Aqui vai o meu conselho para as empresas, que não serve apenas para as pessoas, ‘carpe diem’, aproveitem o dia de hoje que o futuro, apesar das previsões, é insondável.
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças”, Leon C. Megginson (1921-2010) foi professor na escola de negócios da Louisiana State University, da University of South Alabama e do J. L. Bedsole.
*Consultor em Agronegócio
** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do AGROemDIA