Setor de bovinos vivos sente alta da arroba: “Exportação caiu”

Da redação/AGROemDIA
A forte alta das cotações da arroba do boi, que nessa sexta-feira 22 chegou a 34,04% no acumulado do mês, não tem reflexos só para consumidores e frigoríficos. Os exportadores de gado em pé também sentem os efeitos deste cenário, porque os preços no Brasil estão menos atraentes para os importadores. “A exportação de boi vivo caiu”, diz o presidente da Acripará (Associação dos Criadores de Gado do Pará), Maurício Fraga Filho. O estado é o principal exportador de bovinos vivos do país.
Embora não revele números sobre a queda nas vendas externas de bovinos vivos nas últimas semanas, Fraga enfatiza que a elevação do preço da arroba do boi no mercado interno desperta o interesse dos importadores por outros países exportadores de gado vivo, como a Colômbia e o Uruguai.
No Pará, segundo ele, a cotação da arroba já chegou a R$ 210, e a R$ 228 pelo indicador Esalq/B3. A alta de preços também atinge o mercado de bovinos vivos. Em 2018, o Brasil exportou cerca de 700 mil cabeças de gado em pé – cerca de 65% saíram do PA, que tem 110 propriedades pecuárias, das quais 90 mil com até 300 cabeças.

Cenário da pecuária de corte
O cenário de alta da pecuária, pontua Fraga, tem vários fatores: expressivo abate de matrizes no Brasil nos últimos anos; restrição de oferta de animais prontos para abate; período de entressafra; aumento das exportações para a China devido à suína africana (PSA); seca na Austrália nos últimos tempos; e abandono da atividade por pecuaristas argentinos por causa do imposto sobre vendas externas (ambos os países são exportadores de gado em pé).
A habilitação de novos frigoríficos para exportar para a China e Arábia Saudita também aumenta à procura por bovinos pelos frigoríficos. “Além disso, no Brasil, muita gente saiu da pecuária de corte nos últimos anos devido à descapitalização”, acrescenta Fraga. “Com menos recursos, o pecuarista investiu menos em pastagem, em sementes, o que tem reflexo na produção.”
O presidente da Acrimipará acredita que a situação tende a se normalizar a partir de janeiro/fevereiro, com aumento da oferta de animais prontos para o abate e recuo do preço na arroba em abril/maio. “Não aos níveis de junho e julho, quando a arroba estava em torno de R$ 142, R$ 143, mas talvez abaixo de R$ 200. O mercado vai se ajustar.”
Fraga sublinha ainda que o Brasil, em situação de normalidade, é capaz de atender tanto a demanda internacional por carne quanto por gado em pé. “Há mercado para todos: frigoríficos exportadores e empresas que vendem bovinos vivos.”