Agropecuária

Sempre aos domingos: Churrasco e bom chimarrão. Só lembrança

João Carlos Rodrigues*//Da equipe AGROemDIA

A carne virou alimento raro na mesa do brasileiro. Não que haja escassez no mercado, mas devido aos preços proibitivos à maioria da população, cada vez mais empobrecida e com menor poder aquisitivo. Nestes tempos de pandemia, dólar valorizado pela política cambial do governo federal, inflação nas alturas (11,65% nos últimos 12 meses), enorme desemprego (quase 12 milhões desempregados) e milhares de subempregados e cerca de 4,8 milhões de desalentados – pessoas que desistiram de procurar emprego –, a carne é uma mercadoria que todos veem, mas poucos podem consumir.

No acumulado de fevereiro (até o dia 8), a arroba do boi gordo (Indicador CEPEA/B3, SP) para abate chegou a R$ 336,03, e a carcaça casada de boi, a R$ 317,40, informou o Cepea nesta semana. “As vendas da proteína no mercado doméstico [brasileiro] estão enfraquecidas, devido ao alto patamar da carne e ao baixo poder de compra da maior parte da população”, reforçou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP.

Enfraquecidas, não. Na verdade, as vendas estão fracas, como poucas vezes se viu na história recente do país. Em 2021, o consumo per capita de carne bovina no Brasil despencou para 26,5 quilos por habitante, segundo dados da Conab. Foi a menor quantidade em 25 anos. Na comparação com 2006, quando o país teve um pico de consumo que alcançou 42,8 quilos por habitante, a queda foi quase 40%.

Não se culpe os pecuaristas de corte pelo valor salgado da carne. Com os custos de produção nas alturas – alimentação dos animais, energia, diesel, mão de obra etc –, não lhes resta outra saída a não ser repassar as despesas em frente. “De 2020 para 2021, o custo operacional efetivo da pecuária de corte avançou 22% nas propriedades de cria e 17,88% nas de recria e engorda, na “Média Brasil” (AC, BA, GO, MA, MG, MS, MT, PA, PR, RO, RS, SP e TO), segundo dados divulgados pelo Cepea no fim de janeiro.

Com o preço final inacessível, a maioria dos consumidores é obrigada a aderir a uma espécie de nova tendência alimentar no país, a “mesa sem carne”. Nada de churrasco na laje no fim de semana. Nada de churrasco no pátio da casa ou da sacada do apartamento. Churrasco e bom chimarrão, para quem é chegado a um amargo, só na lembrança ou na voz da saudosa Berenice Azambuja, um dos grandes nomes da música gaúcha.

 

 

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