Agropecuária

Brasil espera concluir abertura do México para carne bovina até a próxima semana

Foto: Pixabay License

Do Broadcast

O governo brasileiro espera concluir nas próximas horas a negociação para a exportação de carne bovina para o México. A expectativa do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) é de que o protocolo possa ser assinado ainda nesta segunda-feira (6) ou no máximo no início da semana que vem. O único impeditivo para a assinatura dos protocolos fitossanitários caiu ontem, com a confirmação de que foi atípico o caso isolado de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), doença popularmente conhecida como “mal da vaca louca”, detectado em um animal no Pará em fevereiro.

“A abertura era para ter saído na última sexta-feira (24), mas por conta do caso isolado do mal da vaca louca, eles pediram para segurar mais uns dias”, disse ao Broadcast Agro uma fonte que acompanha as tratativas.

As negociações estão há cerca de uma semana na fase final, com o acerto dos requisitos do Certificado Sanitário Internacional (CSI) entre os países. A expectativa dos negociadores brasileiros vem em linha com declarações das autoridades mexicanas.

Na última semana, Francisco Javier Calderón Elizalde, diretor-chefe do Serviço Nacional de Saúde, Segurança e Qualidade Alimentar do México (Senasica), órgão do Ministério da Agricultura, sinalizou que os requisitos sanitários entre os países devem ser concluídos até o fim desta semana.

A abertura integra um rol de medidas do governo mexicano para conter a inflação local e a escalada do preço dos alimentos da cesta básica. Por enquanto, o país compra apenas carnes de frango e suína do Brasil.

A perspectiva dos exportadores é de início imediato dos embarques, assim que a abertura de mercado for anunciada, não havendo barreiras tarifárias ou restrição de cotas que possam limitar as vendas externas e sem grandes dificuldades para habilitação dos frigoríficos aptos a exportar o produto.

Importações mexicanas

O México importa aproximadamente 1 milhão de toneladas de carnes, em geral, por ano, de acordo com dados técnicos compilados pelo Ministério da Agricultura durante o processo de autorização.

“Isso traz um enorme potencial para o Brasil. Não faz sentido outros mercados ocuparem essa fatia porque entre os nossos concorrentes temos a melhor logística e preços para comercializar a carne ao México”, observou um interlocutor.

A ideia do país é autorizar a entrada do produto brasileiro proveniente de regiões livres de febre aftosa sem vacinação ou que tiveram a vacinação suspensa recentemente, o que compreenderia 14 Estados brasileiros: Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul, Acre, Rondônia e partes do Amazonas e de Mato Grosso. Todos esses já têm a certificação internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação. Os outros seriam Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e Tocantins, que tiveram a vacinação obrigatória suspensa na última etapa da campanha de imunização, no fim de 2022.

O interesse na comercialização do produto brasileiro partiu do próprio governo mexicano, relataram interlocutores à reportagem. A possibilidade de exportar carne bovina ao país não estava na pauta de negociações ou nas prospecções de mercado do Brasil. Segundo as fontes, logo no início do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as autoridades sanitárias mexicanas contataram os pares brasileiros para manifestar o interesse do presidente Andrés Manuel López Obrador em abrir o mercado a fim de reforçar a relação com o presidente Lula. “Foi um pedido do presidente López Obrador para atender o presidente brasileiro. O Brasil voltou ao jogo do comércio mundial. Estávamos afastados disso. Há uma vontade enorme dos mercados com o presidente Lula”, comentou um membro do governo.

Além do potencial do mercado mexicano, técnicos e adidos do Ministério da Agricultura entendem que o aval do México à proteína do Brasil poderia pressionar o mercado norte-americano para ampliação da entrada da carne bovina brasileira. “Já podemos vender para o Canadá e agora também para o México. Assim, cercamos a região. Com certeza, haverá importador lá no México que comprará a carne vermelha do Brasil e enviará para os EUA”, observou uma das fontes. Atualmente, as exportações da proteína brasileira aos Estados Unidos são restritas a uma cota anual de 65 mil toneladas.

 

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