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Papel transformador dos sistemas agroalimentares é destaque no Cogresso de Agroecologia

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Conferencistas relatam experiências agroecológicas – Daniela Collares/Embrapa

“Precisamos cada vez mais fortalecer os nossos laços com os nossos irmãos latino-americanos”, disse a presidente da Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), Irene Cardoso, na abertura do Congresso Latino-Americano e Brasileiro de Agroecologia, em Brasília. Ela destacou também que a agroecologia trouxe as bases da agricultura alternativa, atividade que preconiza o uso sustentável dos recursos naturais.

O tema da conferência, nessa terça-feira (12), foi o papel da agroecologia na transformação dos sistemas agroalimentares na América Latina:  Memórias, Saberes e Caminhos para o Bem Viver. Além de Irene, participaram da abertura do evento Jan Douwe van der Ploeg,  pesquisador e sociólogo holandês; Agustín Infante Lira, diretor do Centro de Educação e Tecnologia (CET) do Chile; e Dona Dijé, representante do Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu.

Autor de livros como “Camponeses e a arte da agricultura” e “Camponeses e Impérios Alimentares”, Jan Douwe van der Ploeg  destacou a força transformadora da agroecologia a partir de três raízes: multifuncional, multiautoral e multinível, em que campesinos, professores, consumidores e estudantes atuam em diversos níveis nos campos social, econômico, político, cultural e histórico.

“A agroecologia é um movimento de práticas emancipadoras e criativas. O campesinato é a força motriz principal da agroecologia”, disse Jan Douwe, enfatizando que a prática de sistema de produção agrícola é, por si só, um ato de rebeldia.

Comércio justo

O pesquisador citou exemplos de campesinato na Holanda, Japão, Brasil e Espanha, em que os agricultores se negaram a adotar como prática o uso de químicos e estabeleceram novas formas de aquisição de insumos, semente e de comércio justo.

“Em Córdoba, na Espanha, há uma rede dinâmica de produtores e consumidores locais praticando atividades que são, na verdade, aplicações de direitos civis fundamentais, como o da alimentação e o de fazer chegar comida aos que precisam”, afirmou Jan Douwe.

Já Agustín Lira ressaltou que o uso de tecnologias sociais conseguiu reverter no Chile os prejuízos causados por uma série de problemas ambientais, como mudanças climáticas, desastres naturais e a própria crise do sistema político.

“Fortalecemos o uso de tecnologias nos anos 90/2000, a solidariedade entre as comunidades, a capacitação do campesinato e programas de apoio à agricultura familiar, entre outros. “Ainda assim, consideramos o futuro do campesinato muito incerto”, enfatizou.

Legado de sangue

Última a falar na conferência, Dona Dijé, representante do Movimento Interestadual das Quebradeira de Côco Babaçu, lembrou que a agroecologia veio unir o conhecimento tradicional das comunidades com a palavra da academia.

“Tanto faz estar na Bahia ou no Rio Grande do Sul, a gente detém o conhecimento que não está nos livros, mas na memória do nosso povo”, afirmou, observando que as raízes da agroecologia estão fincadas nos conhecimentos dos povos tradicionais.

Dona Dijé também denunciou a perda de direitos no atual momento político brasileiro, que culmina, muitas vezes também, na perda de vidas. “Estamos vivendo hoje o legado do sangue dos nossos mártires do passado, que lutaram pelo direito à vida”.

O Congresso de Agroecologia 2017 começou nesta terça (12), no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, e vai até a próxima sexta-feira (15).

O evento é promovido pela Sociedade Latino-Americana de Agroecologia (Socla) e Associação Brasileira de Agroecologia (ABA), e organizado por uma comissão formada por representantes da Embrapa, Universidade de Brasília, EmaterDF, Secretarias de Estado do GDF (Seagri e Sedestmidh), Ibram e ISPN.

Da redação, com informações da Embrapa

 

 

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