Rio Grande do Sul tem três dos rios mais poluídos do país

Três dos rios mais poluídos do Brasil estão na Região Metropolitana de Porto Alegre e são responsáveis pelo abastecimento de cerca de 1,5 milhão de pessoas: Sinos, Gravataí e Caí. A informação surpreende, mas não é novidade para os pesquisadores da Fundação de Economia e Estatística (FEE), que lançou nesta quinta-feira (28) a 9ª edição do Panorama Internacional FEE com o tema “Agenda global das mudanças climáticas: realidades e utopias”.
Não bastasse ter alguns dos rios mais sujos do país – informa Lucas Rohan, no site Sul21 –, o Rio Grande do Sul ainda patina na questão do tratamento do esgoto cloacal. O estado coleta apenas 31,2% do esgoto gerado e trata menos de 13%, além do impacto do uso de agrotóxicos nas lavouras ser devastador para a manutenção dos solos, dos mananciais de água e para todo o ecossistema.
Os dados fazem parte do artigo “O Brasil e o Rio Grande do Sul diante do desafio global da gestão dos recursos hídricos”, da pesquisadora Mariana Lisboa Pessoa.
“A legislação existe [Lei N.° 9.433/1997], a Polícia Nacional de Recursos Hídricos existe há 20 anos. Falta implementar essa política. E isso não acontece por várias razões, entre elas a falta de vontade política dos governantes”, diz Mariana.
“As bacias hidrográficas extrapolam os limites demográficos dos municípios e isso requer que haja parceria entre diferentes governos. Há um pensamento de políticas públicas para quatro anos, o tempo que dura um mandato, e não há fiscalização. Por último, as obras de saneamento não dão votos porque ficam em áreas afastadas e não são visíveis, por isso não são priorizadas”, complementa a pesquisadora.
Apesar de apontar a ineficácia do poder público, a pesquisadora não acredita que Parcerias Público-Privadas (PPP) possam solucionar o problema. “Não é uma questão ideológica, as empresas privadas têm interesses econômicos que provavelmente vão sobrepor o interesse da sociedade e do meio ambiente. Além disso, a falta de fiscalização dessas empresas pode ser outro problema”, assinala Mariana.
O lançamento do Panorama Internacional FEE, publicação na qual o artigo de Mariana se encontra disponível, contou com uma explanação dos pesquisadores Robson Valdez e Tarson Núñez sobre a agenda global das mudanças climáticas (leia maisleia mais).
Do Sul 21