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A luta das mulheres rurais pela igualdade de gênero

a arquivo pessoal
Cida, a simplicidade e garra da mulher quilombola – Arquivo pessoal

Ter as mesmas oportunidades, rendimentos, direitos, reconhecimento são apenas algumas das inúmeras lutas da mulher no campo. A igualdade de gênero é um dos principais Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU) para 2030. É o quinto dos 17 ODS.

As mãos das mulheres não trabalham menos que as mãos masculinas e elas sabem disso. Cientes da sua capacidade, a força feminina tem mostrado, a cada conquista, que lugar de mulher é onde ela quiser, principalmente no âmbito de poder, de tomadas de decisões, seja na cidade ou no campo.

Maria Aparecida Martins, agricultora e quilombola de 62 anos, é uma dessas mulheres que trazem consigo o espírito de liderança. Em 2009, a comunidade quilombola de Furnas do Dionísio, do Distrito de Jaraguari (MS), viu na doce e, ao mesmo tempo, forte Maria Aparecida, mais conhecida como Cida, a simplicidade e a garra que a levaria à presidência da Associação de Pequenos Produtores Rurais de Furnas do Dionísio.

Depois de 20 anos, a associação teve a sua primeira presidente mulher. Maria conta que, no início, a candidatura não passava de uma brincadeira feita em um momento de descontração na casa de sua irmã. “Começou uma conversa sobre a candidatura da presidência e brinquei que iria me candidatar e fazer uma chapa só com mulheres. Elas me levaram a sério, fui gostando da ideia, e me candidatei”, lembra.

Para a surpresa de Cida, a candidatura não foi só aceita, como ela foi eleita, tendo o apoio de toda a comunidade, inclusive dos homens. A agricultora permaneceu no cargo até 2015. Durante o mandato, levantou bandeiras pela igualdade de gênero e o fortalecimento dos jovens da comunidade.

Casa da Juventude

Ao mesmo tempo que Cida cuidava da sua plantação e dos seus animais, seguia à frente da associação desenhando e executando diversos ações em prol dos produtores. Seu primeiro projeto como líder do grupo foi em 2010, com o Casa da Juventude (Caju) – Ressignificando as relações sociais e sexuais de gênero, raça e etnia.

O objetivo da inciativa foi o empoderamento dos adolescentes, quanto aos direitos sexuais e produtivos, incentivando a inserção social e as organizações, além de valorizar a identidade cultural.

Em 2013, Cida decidiu focar nas jovens adolescentes, conscientizando-as de seus direitos, principalmente os direitos humanos, com o Viva Menina. Ela continuou sua trajetória com outros projetos e intercâmbios, sempre envolvendo mulheres e valorizando a identidade cultural.

Após seis anos de mandato, a agricultora deixou na associação uma história repleta de conquistas. Entre elas, a regularização do cadastro jurídico na Receita Federal, a construção de 82 casas na comunidade em parceira com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e o escoamento da produção da comunidade.

Além disso, fez uma parceria com o Instituto Brasileiro de Inovações Pró sociedade Saudável do Centro Oeste (IBISS/CO) para a realização de projetos, com o qual ela continua atuando.

Mas, para ela, a maior conquista foi a ampliação da sede da associação, em parceria com a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) e Energisa.

Cida mostrou que de liderança as mulheres entendem e atuam muito bem. A instituição, que não tinha financiamentos e que estava com o caixa negativo, hoje tem diversos projetos e está conseguindo de fato ajudar a comunidade.

“Tive uma experiência muito boa. Tive a oportunidade de conhecer pessoas e o prazer em ajudar a comunidade. Não imaginava que me faria tão bem”, afirma a primeira mulher líder quilombola em Furnas do Dionísio.

15 dias de ativismo

No marco da campanha internacional #MujeresRurales, mujeres con derechos, o Brasil inicia a sua participação nos “15 dias de ativismo pelo empoderamento das mulheres rurais”.

A ideia é difundir os principais ODS a forte ligação da atuação da mulher rural para o cumprimento dos temas.

Saiba mais.

Por Juliana Andrade (Sead)

 

 

AGROemDIA

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