Projeto que incentiva comunidade a sustentar produção agrícola busca participantes no DF

Um arranjo social que já é sucesso em diversas partes do planeta ganha força no Distrito Federal. É Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA), sistema por meio do qual o agricultor deixa de vender seus produtos a intermediários e passa a dividi-los com pessoas que se disponham a participar de um esquema de financiamento da produção e da distribuição dos alimentos.
Em Planaltina, região administrativa do DF, a Associação de Produtores Agroecológicos do Alto São Bartolomeu (Aprospera) promove o sistema CSA. A entidade reúne 40 famílias de agricultores de três núcleos rurais e vem trabalhando para consolidar essa prática de relações mais sustentáveis entre pessoas do campo e da cidade.
“A proposta é sair da cultura do preço e ir para a do apreço”, diz a presidente da Aprospera, Fátima Cabral. O objetivo da ação, acrescenta, é o escoamento de alimentos agroecológicos de forma direta ao consumidor.
Para se tornar viável, a Comunidade que Sustenta a Agricultura precisa contar com os coagricultores, ou seja, com consumidores que colaborem diretamente com o financiamento e a organização da distribuição dos alimentos. O compromisso é estabelecido por um ano, seguindo o ciclo agrícola da produção.
Os coagricultores recebem semanalmente os alimentos colhidos no ponto de convivência da CSA, que é definido entre os participantes do projeto.
Recém-criada, a Comunidade que Sustenta a Agricultura formada por servidores da Secretaria de Agricultura do DF e da Emater-DF terá como ponto de convivência a própria Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Dessa forma, o produtor não precisa se preocupar com a comercialização e pode se dedicar mais ao cuidado com a terra e com a produção. O coagricultor, por sua vez, recebe alimentos orgânicos frescos, de qualidade, sem atravessadores e que não geram lixo de embalagens.
Quem tiver interesse em conhecer o projeto, pode obter mais informações na Emater-DF.

Tecnologia Social
A CSA vem da expressão Community Supported Agriculture, que significa Comunidade que Sustenta a Agricultura. Neste modelo, a agricultura é apoiada financeiramente pela comunidade. O agricultor passa, então, a se relacionar diretamente com o consumidor, deixando de lado os intermediários.
Essa é uma tecnologia social que apresenta alternativas para apoiar a produção local de alimentos orgânicos, promovendo espaços de interação entre as pessoas na cidade e no campo.
Quem escolhe fazer parte de uma CSA deixa de ser um consumidor e se torna um coagricultor. Passa a colaborar para o desenvolvimento sustentável da região, valorizando a produção local, conhecendo de perto de onde vem o seu próprio alimento e podendo também participar da produção.
Para formar uma CSA é preciso estabelecer relações de confiança. O agricultor apresenta todas as informações sobre os seus custos e meios de produção. A partir daí, os custos são divididos em cotas mensais entre os coagricultores. Assim, a comunidade CSA passa a ser a financiadora da produção do agricultor.
A comunidade assume o compromisso de financiamento, pagando antecipadamente pelos alimentos que serão produzidos. O custo individual de cada tipo de alimento deixa de ser relevante, porque há valorização sistêmica da produção como um todo.
Como tudo que é colhido já está pago e é destinado aos coagricultores, não há risco de não haver escoamento da produção e há maior respeito com o meio ambiente.
Uma cota de financiamento prevê cerca de 10 itens contendo folhas, raízes, legumes, flores e frutas. Famílias maiores podem optar por adquirir duas cotas da comunidade, chegando a 20 itens diversificados.
O valor da cota varia em cada CSA, pois depende dos custos de produção e do número de coagricultores envolvidos. Podem participar da CSA outros produtos complementares como pão, ovos, queijos, mel e o que mais a comunidade for capaz de apoiar e desejar sustentar.
A CSA não é um sistema de compras coletivas de orgânicos ou um serviço de entrega de cestas. Também não é uma cooperativa de produção. A Comunidade que Sustenta a Agricultura se estabelece a partir do compromisso entre agricultor e coagricultores por um período determinado, geralmente seis ou doze meses, nos quais dividem tarefas de apoio da comunidade, como o cuidado com os pontos de convivência, a comunicação no grupo e o controle financeiro.
As diversas CSA no mundo procuram não apenas reverter o fluxo de abandono das zonas rurais, como essencialmente promover a autoestima das pessoas interessadas em lidar com a terra, numa perspectiva socioeconômica integrada com a cidade.
Da redação, com informações da Emater-DF