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Produção integrada, receita de sucesso de fazenda sustentável em RO

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Pecuarista Giocondo Vale investe na integração Lavoura-Pecuária – Renata Silva/Embrapa

O pecuarista Giocondo Vale, de Rondônia, aposta no sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) para renovar a pastagem, recuperar o solo, melhorar a produtividade e a lucratividade da fazenda. A adoção de um sistema sustentável de produção, segundo ele, é caminho sem volta e tem servido de modelo para outros produtores do estado e também do Brasil.

“Para enriquecer o solo e produzir uma boa pastagem, nós, pecuaristas, precisamos da agricultura, que ajuda a diluir os custos e aumentar nossos ganhos futuros. Somos prova de que é possível ter uma empresa agropecuária e atuar de forma sustentável, sendo ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo”, argumenta o produtor.

Sua fazenda, a Don Aro, em Machadinho D’Oeste (RO), tem 1.680 hectares divididos assim: 945 em produção (645 em uso para a pecuária) e 300 para o sistema de ILP. O restante, 270 hectares, são de mata nativa, reposição florestal plantada (76 ha) e as Áreas de Preservação Permanente (APPs) recuperadas.

A propriedade conta ainda com 1.200 animais. Parte é resultado de animais cruzados entre as raças Aberdeen Angus e Nelore, permitindo maior precocidade reprodutiva e de abate, com carne de melhor qualidade e maciez.

Já são sete anos de investimentos em sistema de produção integrado na propriedade. Agora, com a pastagem renovada, o gado passou a consumir menor quantidade de suplementos minerais e proteicos e os ganhos também ocorreram na taxa de prenhez, desmama e engorda.

Índice de prenhez

Segundo Vale, na estação 2016/2017, a fazenda obteve um índice de prenhez de 95%, com auxílio da Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF). As fêmeas estão sendo desmamadas com 8,35 arrobas e machos com 9,25, na média, aos 09 meses de idade. Das novilhas, 75% são emprenhadas entre 12 e 17 meses e os machos estão sendo abatidos com 20 arrobas aos 24 meses – a média dos pecuaristas da região é de 13 a 14 arrobas neste mesmo período.

“Estes bons resultados têm permitido considerável aumento de ganhos, com expressiva melhora dos lucros. Saímos de meia unidade animal por área, há cinco anos, para três agora”, conta Vale, que pretende chegar aos 2 mil animais na área produtiva da fazenda.

O foco da fazenda Don Aro é a pecuária. Desta maneira, a integração Lavoura-Pecuária (ILP) adotada na propriedade é temporal, ou seja, uma área é utilizada por alguns anos integrando lavoura e pecuária e, na sequência, se estabelece somente pastagem com gado por mais alguns anos.

“Aproveitamos a consolidação dos solos feita pela agricultura, oferecendo uma pastagem de alta qualidade com custos diluídos. Num segundo momento, a partir de 2021, será plantado, após colheita da soja, o milho na safrinha, objetivando a produção de grãos para a terminação de bois no sistema grãos inteiros”, explica Vale. Quanto ao componente florestal, ele optou pelo plantio em blocos nas áreas de grãos ou de pecuária.

A Fazenda Don Aro está servindo de modelo para Rondônia e Amazônia. As vantagens da ILPF são comprovadas por análises de viabilidade técnica, econômica, social e, principalmente, ambiental.

A aplicação da ILPF nos diferentes biomas e possibilidades de combinações entre agricultura, pecuária e floresta – sejam elas integrações agropastoris (lavoura e pecuária), silviagrícolas (floresta e lavoura), silvipastoris (pecuária e floresta), ou agrossilvipastoris (lavoura, pecuária e floresta) – oferecem tanto ao produtor quanto ao sistema grande versatilidade e possibilitam que componentes culturais, econômicos e ambientais sejam considerados para a perfeita adequação à realidade da região.

De acordo com o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, Frederico Botelho, o sistema de integração lavoura-pecuária é o modelo mais adotado no estado, tanto pelo pecuarista como pelo agricultor.

“Os pecuaristas buscam com a ILP amortizar os custos de recuperação de suas pastagens com a produção de grãos, aumentar a capacidade produtiva e produzir pastagens de melhor qualidade. Já os agricultores utilizam a ILP para ter benefícios na fertilidade do solo (química, física e biológica), o que potencializa o uso do sistema de plantio direto na palha e incrementa os índices de produtividade da propriedade”, observa Botelho.

Além disso, acrescenta o chefe de Transferência de Tecnologia da Embrapa Rondônia, uma das grandes vantagens deste sistema para o estado, tipicamente pecuário – tem cerca de 13 milhões de cabeças – é a disponibilidade de forragens em quantidade e qualidade em um período em que em sua maioria as pastagens estão secas.

Boas Práticas Agropecuárias

As práticas incorporadas por Vale há anos tem no Programa de Boas Práticas Agropecuárias – Bovinos de Corte (BPA), coordenado pela Embrapa, orientações para que ele pudesse ajustar e melhorar as atividades em sua propriedade, tornando o sistema de produção mais sustentável, competitivo e rentável.

A Don Aro foi a primeira propriedade de Rondônia a receber o atestado de adequação pelo BPA, em 2014. O atestado foi renovado em 2017. A propriedade foi ainda a segunda da Região Norte a receber a classificação ouro por atender a 100% dos itens obrigatórios e 90% dos altamente recomendáveis pelo programa.

A Fazenda Don Aro também é a primeira em Rondônia na aplicação do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), bem como do Plano ‘Lixo Zero’. Além da tríplice lavagem de agrotóxicos, é realizada a coleta seletiva com o devido destino de cada grupo, de acordo com a legislação.

Vale também recuperou todas as APPs, com plantio de mudas de espécies nativas e ainda tem 11 mil pés de castanheiras-do-brasil, o maior plantio individual feito por pessoa física no Brasil.

Da redação, com informações da Embrapa

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