Operação Carne Fraga deve ter novas fases, prevê ministro da Agricultura

A Operação Carne Fraca, por meio da qual a Polícia Federal investiga irregularidades na indústria de alimentos, deverá ter novas fases. “Com o início da operação, abrem-se novos focos de fiscalização. Muito provavelmente, esta não será a última etapa”, disse o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, nesta semana, durante visita à Expodireto, em Não-Me-Toque (RS).
A mais recente foi a 3ª fase da Carne Fraca, deflagrada na última segunda-feira (5). Denominada de Operação Trapaça, a investigação tem a participação do Ministério da Agricultura e apura o envolvimento de empresas e laboratórios em fraudes em análises de alimentos.
Segundo a PF, cinco laboratórios credenciados pelo Ministério da Agricultura e setores de análises da BRF Brasil Foods – uma das maiores companhias de alimentos do mundo – alteravam resultados de exames em amostras do processo industrial.
Foram cumpridas 91 ordens judiciais em cinco estados: São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Goiás. A operação resultou na prisão de Pedro Andrade Faria, ex-diretor-presidente da BRF, e de mais 10 pessoas.
Menos espetáculo e mais técnica
Durante a visita à Expodireto, Maggi destacou ainda que nesta 3ª fase da Carne Fraca não houve embargo algum às carnes de frango e suína, ao contrário da 1ª etapa da operação, quando grandes mercados importadores interromperam as compras. Para ele, isso ocorreu porque a divulgação foi “menos espetaculosa e mais técnica”.
Ele também enfatizou a transparência do ministério na relação com os mercados, como ocorreu da vez passada. Só que agora, assinalou, o governo se apressou e já enviou esclarecimentos aos países importadores com as informações necessárias sobre a investigação.
De acordo com ele, o Ministério da Agricultura garantiu aos mercados interno e externo que a investigação é feita de forma científica.
O ministro reforçou ainda que o governo continuará tentando mudar o sistema de inspeção sanitária. Maggi defende um modelo mais “verticalizado”, com menos interferência de servidores e mais delegação de tarefas de controle para o setor privado.
“Vamos focar na atuação do servidor onde é necessário o trabalho de polícia”, assinalou. “Mas todas as mudanças que estão em estudo, há cinco anos, ainda precisarão passar pelo Congresso Nacional.”