Paris: Maggi diz, na OIE, que Brasil erradicou aftosa e hoje é o maior exportador mundial de carne

O Brasil não só conseguiu erradicar a febre aftosa como se tornou o maior exportador de carne do mundo, destacou o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, neste domingo (20), ao discursar no primeiro dia da 86ª Sessão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE). Durante a reunião, que vai até sexta-feira (25), a OIE vai reconhecer o país com o livre de aftosa com vacinação, o que deve contribuir para ampliar ainda mais a participação do produto nacional no mercado global.
“Agora teremos, finalmente, todo o Brasil livre de aftosa”, disse o ministro, na abertura do discurso, referindo-se à ampliação da zona livre da doença com vacinação para o Amazonas, Amapá, Roraima e parte do Pará. A medida estende a todo o território nacional a condição de livre de aftosa com vacinação. “O novo status sanitário representa o reconhecimento da vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor veterinário oficial brasileiro”, enfatizou Maggi.
De acordo com o ministro, o setor agropecuário é essencial para economia do país e tem garantido resultados expressivos na balança comercial, na geração de emprego e renda e contribuído para o controle da inflação e a melhoria das condições de vida da população brasileira.
Em 2017, acentuou Maggi, só a pecuária representou um Valor Bruto da Produçao (VBP) de R$ 175,7 bilhões. “No mesmo período, apenas o complexo carnes teve um crescimento nas exportações da ordem de 8,9%, atingindo um volume de 15,5 bilhões de dólares. E ainda temos potencial para crescermos muito mais no mercado internacional, pois exportamos somente uma pequena parte da nossa produção de bovino e suínos.
Em seu discurso, o ministro ressaltou ainda que esse crescimento das exportações brasileiras se deve, além da inquestionável qualidade e competitividade dos produtos nacionais, sobretudo à melhoria da condição sanitária do rebanho brasileiro.
“Nesse cenário, destaca-se a vitória contra a febre aftosa, doença que intimida a todos os países e restringe a abertura e manutenção de mercados dos produtos pecuários. A evolução na condição sanitária do controle e erradicação da febre aftosa é a grande responsável pela valorização dos nossos produtos pecuários nos mais diversos mercados”, sublinhou.
Em seu pronunciamento, Maggi lembrou ainda que desde a década de 1960 o Brasil vem combatendo a doença. Mas foi a partir dos anos de 1990, acrescentou, que a estratégia de enfrentamento foi alterada, passando do controle para erradicação em todo o país, com a reformulação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (PNEFA). O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo, com mais de 217 milhões de cabeças.
Abaixo, a íntegra do discurso do ministro Blairo Maggi durante a 86ª Sessão da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE)
“Paris, 20 de maio de 2018.
Primeiramente, gostaria de manifestar minha honra e felicidade em participar da Assembleia Geral da OIE, como Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Brasil num momento histórico para nosso País: a esperada conquista do reconhecimento, pela OIE, da última região do Brasil como zona livre de febre aftosa com vacinação. Agora teremos, finalmente, todo o “Brasil Livre de Aftosa”.
O novo status sanitário concedido por esta renomada Organização, representa o reconhecimento da vitória de uma longa e dura trajetória de muita dedicação de pecuaristas e do setor veterinário oficial brasileiro. Motivo de muito orgulho dos brasileiros que lutaram e lutam para o bem do Brasil.
Parafraseando o pensador Jean Cocteau: “Não sabendo que era impossível, nós brasileiros fomos lá e fizemos”.
Quando, no início da luta contra a febre aftosa, num país com o tamanho e as diversidades do Brasil, antigo importador de carne e leite até a década de 90, em que milhares de focos da doença acometiam nossos rebanhos todos os anos, decidiu-se erradicar uma doença da importância e gravidade da febre aftosa, e se tornar o maior exportador de carnes do mundo, muitos não acreditavam e diziam que era impossível, que nunca conseguiríamos. Mas, conseguimos!
E conseguimos graças a muito esforço, trabalho, conhecimento, dedicação e luta de gerações de técnicos, produtores rurais e gestores, sempre pautados pelos princípios, diretrizes e recomendações da OIE, da qual nos orgulhamos de ser um dos membros fundadores.
Hoje, podemos anunciar que o “Brasil está livre de Febre Aftosa” e recebe seu último certificado de zona livre de febre aftosa com vacinação da Organização Mundial de Saúde Animal, a OIE. O povo brasileiro se sente orgulhoso com essa histórica conquista. Sabemos dos desafios que temos pela frente de ampliar as nossas zonas livres de febre aftosa sem vacinação e já estamos trabalhando para isto.
O setor agropecuário brasileiro é essencial para economia do País e tem garantido resultados expressivos na balança comercial, na geração de emprego e renda, e contribuído para o controle da inflação e melhoria das condições de vida de sua população.
Em 2017, somente a pecuária representou um Valor Bruto da Produção (VBP) de 175,7 bilhões de reais. No mesmo período, apenas o complexo carnes teve um crescimento nas exportações da ordem de 8,9%, atingindo um volume de 15,5 bilhões de dólares. E ainda temos potencial para crescermos muito mais no mercado internacional, pois exportamos somente uma pequena parte da nossa produção de bovinos e suínos.
Esse crescimento das exportações brasileiras se deve, além da inquestionável qualidade e competitividade dos nossos produtos, sobretudo à melhoria da condição sanitária do rebanho nacional.
Nesse cenário, destaca-se a vitória contra a Febre Aftosa, doença que intimida a todos os países e restringe a abertura e manutenção de mercados dos produtos pecuários. A evolução na condição sanitária do controle e erradicação da febre aftosa é grande responsável pela valorização dos nossos produtos pecuários nos mais diversos mercados.
O Brasil iniciou o combate organizado à febre aftosa ainda na década de 60, por meio de campanhas de vacinação em algumas regiões. Naquela época, a doença se manifestava de forma endêmica com milhares de focos por ano. Era um verdadeiro caos sanitário. Mas, na década de 90, as estratégias de combate à doença foram alteradas, mudando-se do controle para erradicação da doença em todo o País, com a reformulação do Programa Nacional de Erradicação da Febre Aftosa – PNEFA.
Foram muitos anos de aplicação de conhecimentos e descobertas, dedicação de técnicos qualificados, muita luta de produtores rurais e empreendedores, trabalhando-se de forma coordenada e compartilhada, o Governo Federal, governos estaduais e setor privado, todos imbuídos do objetivo de tornar o Brasil livre da Febre Aftosa.
Esse processo envolveu ainda aplicação de muitos recursos, investimentos na capacidade dos serviços veterinários oficiais, na vigilância e em campanhas de vacinação.
O reconhecimento agora, pela OIE, do pleito brasileiro de ampliação da zona livre de febre aftosa com vacinação, envolvendo os estados do Amazonas, Amapá, Roraima e parte do estado do Pará, completa um ciclo.
Considero este, um momento de grande relevância. Essa conquista, cujo certificado internacional é conferido ao Brasil na 86a Sessão Geral da OIE, coroa o “Brasil Livre de Aftosa”, encerrando um ciclo de lutas e abrindo as portas para novas conquistas e desafios que virão e certamente venceremos.
Sem dúvidas, é o cumprimento de uma etapa importante e um marco histórico do processo de erradicação da doença na América do Sul, e de valorização do patrimônio pecuário nacional e regional.
Temos muito a comemorar e homenagear todos que lutaram nessa batalha. Mas o desafio não termina aqui.
Ano passado o Mapa lançou o Plano Estratégico do PNEFA para os próximos 10 anos. O Plano tem como objetivo: criar e manter condições sustentáveis para garantir o status de país livre da febre aftosa e ampliar as zonas livres sem vacinação, protegendo o patrimônio pecuário nacional e gerando o máximo de benefícios aos atores envolvidos e à sociedade brasileira.
Nosso novo grande desafio será enfrentar a etapa final do processo de erradicação da doença em nosso país e na América do Sul, ampliar nossas zonas livres sem vacinação, e, em especial no Brasil, alcançar a condição de PAÍS LIVRE DE FEBRE AFTOSA SEM VACINAÇÃO. Assim, esperamos seguir contribuindo com a Erradicação da Febre Aftosa no mundo e oferecendo aos mercados produtos cada vez melhores e saudáveis e contribuir para a segurança alimentar mundial.
Para isso, temos plena consciência da necessidade de fortalecermos ainda mais nossas capacidades de prevenção, vigilância e de resposta a possíveis emergências que possam ocorrer. Serão necessários muito mais investimentos no serviço veterinário brasileiro. E contamos ainda mais com a imprescindível parceria dos produtores rurais, profissionais e outros atores do setor privado. Tenho certeza que conseguiremos. Seguiremos pelo caminho da ciência, da transparência e confiança nas valiosas orientações, diretrizes e normas da OIE.
Cabe destacar que já temos o estado de Santa Catarina, reconhecido como zona livre de febre aftosa sem vacinação desde 2007 e sem vacinar desde 2000, demonstrando que somos capazes de avançar nessa mesma direção para retirada da vacinação em todo país, com a devida segurança.
Assim, termino convidando a todos os brasileiros a prestarem suas homenagens aos milhares de mulheres e homens, muitos já nem entre nós, que, com muito trabalho, honestidade e conhecimento, tornaram realidade o que parecia impossível. O Brasil está livre da febre aftosa.
Blairo Maggi
Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”.