AgropecuáriaNotícias do dia

Acordo Mercosul-UE prevê fim de tarifas para vários produtos agrícolas

tereza cristina ernesto araujo acordo mercosul ue
Foto: Divulgação/Mapa

O acordo de livre comércio firmado pelo Mercosul e pela União Europeia, nesta sexta-feira (28), em Bruxelas, depois de 20 anos de negociações, deve beneficiar vários produtos do agro brasileiro, como frutas e carnes, entre outros. O pacto ainda precisa da aprovação dos parlamentos dos países do bloco sul-americano (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai) e da UE, formada por 28 países, para entrar plenamente em vigor.

Em entrevista à imprensa, após o anúncio do acordo histórico, a ministra Tereza Cristina (Agricultura) disse que produtores rurais serão beneficiados com o tratado comercial. Segundo ela, os ganhos serão para todos, europeus e sul-americanos, com o aumento de vendas ou com redução de tarifas. “Não existe acordo em que um só ganha. É claro que ganhamos em algumas coisas, mas outras, menos.”

Leia mais: Acordo fechado pelo Mercosul com a UE deve ampliar exportações do agro

O tratado prevê a eliminação da cobrança de tarifas para suco de laranja, frutas (melões, melancias, laranjas, limões e outras), café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais. Atualmente, 24% das exportações brasileiras entram na UE livres de tributos. Com o acordo, a isenção chegará a quase 100% das exportações.

Durante a entrevista, a ministra recebeu telefonema do presidente Jair Bolsonaro, que está em Osaka (Japão) na reunião do G20, parabenizando a delegação brasileira pela conclusão do tratado. “Foi uma feliz coincidência com o trabalho de todos e hoje temos esse acordo histórico”, disse a ministra, ao informar que o presidente citou o trabalho do ministro Paulo Guedes (Economia).

O ministro Ernesto Araújo, das Relações Exteriores, prevê que os efeitos do livre comércio entre os dois blocos serão positivos não apenas para a agricultura, mas também para a indústria e o setor de serviços. “A União Europeia entendeu a importância de concluir um acordo com o Mercosul. Isso reflete que o Mercosul não é um parceiro qualquer.”

Já o secretário especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo, enfatizou que o acordo ajuda a abrir a economia brasileira e incrementar a participação do comércio exterior no PIB. “Esperamos um aumento significativo da corrente de comércio exterior. Outro fator é que, como o nosso mercado era muito protegido, o Brasil ficou muito distante das cadeias globais de produção.”

O texto integral do acordo deve ser divulgado neste sábado (29), em Bruxelas. Após revisão técnica e jurídica, o próximo passo é a aprovação pelos Parlamentos europeu e dos países do Mercosul. Depois, o tratado será ratificado pelos governos dos quatro países sul-americanas e dos Estados-parte da UE.

arte quadro acordo mercosul ue

Repercussões

Após a reunião que resultou no fechamento do acordo, a comissária de Comércio da União Europeia, Cecilia Malmström, pontou que o tratado não tem precedentes em termos de economia com tarifas e adiantou que as empresas economizarão quatro vezes mais com as operações de fronteira.

“Este é um acordo histórico e cobre mais de 760 milhões de pessoas de dois continentes que estão juntos em espírito de abertura e cooperação”, observou, acrescentando que 60 mil empresas europeias já fazem negócio com países do Mercosul com investimentos da ordem de 400 bilhões de euros. O acordo, frisou, poderá dar um impulso à agropecuária.

O Comissário para Agricultura e Desenvolvimento Rural da União Europeia (UE), Phil Hogan, disse que foram feitas significativas concessões para assegurar um acordo “equilibrado, compreensivo e ambicioso”. “Depois de exatos 20 anos, estou satisfeito com o que alcançamos. É um acordo equilibrado que atende às expectativas”. Ele destacou que o acordo garante segurança para agricultores e produtores de ambos os continentes.

O chanceler argentino, Jorge Faurie, disse que o acordo mostra o comprometimento com a integração, o multilateralismo e a abertura de mercados. “Nesta negociação, pudemos mostrar ao G20 que há dois blocos de países muito capazes de superar as diferenças, atender às necessidades e trabalhar juntos em benefício das pessoas dos dois continentes”.

tereza cristina acordo mercosul ue
Foto: Divulgação/Mapa

O que prevê o acordo

– Eliminação da cobrança de tarifas para suco de laranja, frutas (melões, melancias, laranjas, limões e outras), café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais.

– Exportadores brasileiros de vários setores terão acesso preferencial: carnes (bovina, suína e de aves), açúcar, etanol, arroz, ovos e mel.

– Foram reconhecidos como distintivos do Brasil: cachaças, queijos, vinhos e cafés. Isso significa que a identidade desses produtos será protegida no território europeu.

– O acordo não prevê uso de salvaguardas agrícolas especiais, o que preserva os interesses dos produtores brasileiros.

– Empresas brasileiras terão tarifas de exportação eliminadas para 100% dos produtos industriais.

– Empresas brasileiras poderão participar de licitações da União Europeia, um mercado estimado em US$ 1,6 trilhão

– Redução dos custos e agilidade nos processos de importação, exportação e trânsito de bens

– Produtores brasileiros poderão acessar insumos de alta tecnologia com preços menores.

– Consumidores terão acesso a maior diversidade de produtos a preços competitivos.

Efeitos do acordo para o Brasil

– Acordo Mercosul-UE aumentará o PIB brasileiro em US$ 87,5 bilhões em 15 anos, podendo chegar a US$ 125 bilhões se consideradas a redução das barreiras não-tarifárias e o incremento esperado na produtividade total dos fatores de produção. A estimativa é do Ministério da Economia.

– Investimentos no Brasil, em 15 anos, devem crescer da ordem de US$ 113 bilhões.

– Exportações brasileiras terão ganho de quase US$ 100 bilhões até 2035.

– Em 2018, o Brasil registrou comércio de US$ 76 bilhões com a UE e superávit de US$ 7 bilhões. As exportações agrícolas brasileiras para a União Europeia chegaram a US$ 13,6 bilhões, no ano passado. O farelo de soja lidera a lista (US$ 3,4 bilhões). As importações do Brasil resultaram em US$ 2,2 bilhões, principalmente de azeite (US$ 362,5 milhões) e vinhos (US$ 156,6 milhões) dos europeus.

Relação Mercosul-UE

– A União Europeia é o segundo parceiro comercial do Mercosul e o primeiro em investimentos. O Mercosul é o oitavo principal parceiro comercial extrarregional da UE.

– Em 2018, a corrente de comércio (soma das exportações e importações) entre Mercosul e União Europeia resultou em US$ 94 bilhões, conforme estatísticas internacionais de comércio.

– Em 2017, o estoque de investimentos da UE no bloco sul-americano somava cerca de US$ 433 bilhões.

*Da redação, com informações do Mapa

AGROemDIA

O AGROemDIA é um site especializado no agrojornalismo, produzido por jornalistas com anos de experiência na cobertura do agro. Seu foco é a agropecuária, a agroindústria, a agricultura urbana, a agroecologia, a agricultura orgânica, a assistência técnica e a extensão rural, o cooperativismo, o meio ambiente, a pesquisa e a inovação tecnológica, o comércio exterior e as políticas públicas voltadas ao setor. O AGROemDIA é produzido em Brasília. E-mail: contato@agroemdia.com.br - (61) 99244.6832

Deixe uma resposta

Descubra mais sobre AGROemDIA

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading