Abacate e melão brasileiros na mira dos importadores do Japão

O mercado nipônico reforçou o interesse em importar abacate e melão brasileiros, segundo o deputado federal Jerônimo Goergen (Progressistas-RS), que participa de missão política e empresarial ao Japão. No entanto, enfatiza o parlamentar, questões sanitárias relacionadas à febre aftosa impedem que o Brasil amplie sua participação no comércio de proteína animal com país asiático, já que há restrição às compras de carne bovina.
Conforme Jerônimo, as negociações para a abertura do mercado do Japão às duas frutas do Brasil estão avançadas. Está faltando apenas resolver alguns aspectos fitossanitários e superar as pressões dos produtores locais, contrários a um acordo com o governo brasileiro. “O melão e o abacate brasileiros já cumprem as regras sanitárias e de mercado para entrar no Japão.”
O interesse japonês pelo melão brasileiro não é novo. É manifestado pelo menos desde 1998/1999, quando Francisco Turra, hoje presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), era ministro da Agricultura. A fruta é muito apreciada e valorizada naquele país. Faz parte da cultura nipônica, por exemplo, dar um melão de presente de casamento.
Os entendimentos para a exportação de abacate ganharam força no começo de 2019, quando a ministra Tereza Cristina (Agricultura, Pecuária e Abastecimento) visitou o Japão. Porém, as negociações com o país asiático quase sempre são demoradas. Tanto que o governo do país asiático levou 32 anos para autorizar as exportações brasileiras de manga.
Proteína animal
Jerônimo alerta ainda para a necessidade de o Brasil evoluir na área de sanidade, especialmente no que se refere à febre aftosa. Hoje, Santa Catarina é o único estado brasileiro reconhecido pelo Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) como livre da doença sem vacinação. Paraná e Rio Grande do Sul intensificaram as ações para ter esse status também declarado pelo OIE.
O Japão só importa carne bovina de países livre de aftosa sem vacinação. O governo brasileiro gostaria que o país asiático reconhecesse a estratégia de regionalização do combate à doença. Entretanto, observa Jerônimo, não está claro se o Japão autorizará as importações de carne bovina de estados livres de aftosa ou se isso só ocorrerá quando todo o Brasil não vacinar mais o rebanho.
O deputado gaúcho destaca também que o Japão tem entre suas prioridades o acordo comercial com o Mercosul, o que poderá contribuir para aumentar a participação do agronegócio do Brasil naquele mercado. Atualmente, os produtos agrícolas brasileiros representam apenas 3,6% das importações japoneses, contra 23% dos EUA, 18% da Europa e 11% da China.
Há um enorme potencial no mercado do Japão para o Brasil trabalhar, pontua Jerônimo. A missão da qual o deputado faz parte chegou ao Japão no último dia 23 e encerra a visita em 1º de março. As despesas da viagem, esclarece o parlamentar, são todas custeadas pelo governo japonês. Ele tem feito relatos da visita ao país asiático pelo Facebook e WhatsApp.