Dia da Mulher: Indiara da Silva, entre a lida no campo, a casa e a luta da categoria

De dentro da porteira aos altos escalões da República, passando pelo Parlamento, associações, grandes corporações, universidades e centros de pesquisa, entre outros áreas, elas participam cada vez mais do agronegócio brasileiro. Tereza Cristina à frente do Ministério da Agricultura e Kátia Abreu como uma das representantes do setor no Senado são exemplos disso, mas a imagem que mais mostra esse avanço ainda é da mulher na lida campeira, como faz cotidianamente a produtora gaúcha Indiara Cristiane Paez da Silva, uma das coordenadoras do Movimento Construindo Leite Brasil.
Indiara começou na lida quando se casou com o também produtor Rafael Hermann, há anos 15 anos, trocando a casa da família, em Cruz Alta (RS), pela vida no vizinho munícipio de Boa Vista do Cadeado. Na propriedade rural do casal, ela enfrenta uma das mais intensas rotinas da atividade rural: a do setor leiteiro. O trabalho inicia antes do amanhecer e avança noite adentro, seja em dias frios ou quentes, ensolarados ou nublados. Afinal, a produção de leite exige dedicação quase integral.
“Amo a produção de leite. É uma atividade importante, que precisa da atuação conjunta do casal”, diz Indiara, mãe de dois filhos. “Hoje, somos milhares de mulheres trabalhando no setor leiteiro, dividindo o tempo entre o campo, as tarefas de casa e o cuidado com os filhos. A gente faz isso com muito amor e carinho. A nossa dedicação também ajuda a garantir o sustento da família.”
Num momento de estiagem, como o que passa o Rio Grande do Sul, o trabalho no campo aumenta, conta Indiara. Isso, entretanto, não a desanima. “Redobramos os cuidados [com a propriedade e as tarefas domésticas]. Somos guerreiras. Não podemos desistir porque acreditamos que dias melhores virão. Temos que superar os dias de dificuldades, de aperto.”

Movimento Construindo Leite Brasil
Além de dividir as tarefas da propriedade com Rafael, Indiara é atuante no Movimento Construindo Leite Brasil, coletivo de produtores que mantém uma página no Facebooke passou a participar, recentemente, da comissão do leite da Farsul e das atividades da Abraleite no estado.
Em meio a todas as atividades, Indiara ainda encontra tempo para produzir conteúdo, em texto e vídeos, para a página do Construindo Leite no Facebook. Com isso, ela busca ajudar na mobilização das mulheres e homens que integram o grupo, a fim de que lutem para solucionar os problemas do setor, como o alto custo de produção, a pesada carga tributária e os preços nem sempre compensadores pagos pelo litro do leite ao produtor.
“O Construindo Leite Brasil foi criado para buscar melhorias para a cadeia produtiva da porteira para fora, mostrando nossa importância aos nossos representantes políticos e à sociedade. Somos mulheres do agro, somos Construindo Leite Brasil”, ressalta Indiara.
O movimento, lembra Indiara, tem imensa participação das mulheres país afora. Assim como a produtora de Boa Vista do Cadeado, elas igualmente partilham com seus maridos as atividades rurais, tocando sozinhas, por vezes, todo o trabalho. Isso, aliás, ocorre com frequência com Indiara. Quando Rafael viaja para algum compromisso do Construindo Leite Brasil, do qual também é coordenador, ou das reuniões do comissão do leite da Farsul e da Abraleite, é Indiara quem assume o comando da propriedade.
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