Agricultores familiares e Conab debatem falta de milho no Rio Grande do Sul
Além de ter um dos menores estoques de passagem de soja da história, devido ao forte aumento das exportações, o Brasil convive com outro problema ainda mais preocupante: a falta de milho para ração em alguns estados, como no Rio Grande do Sul. O assunto será debatido em audiência on-line, às 10h desta quarta-feira 19, pela Frente Parlamentar da Agricultura Familiar com a superintendente de Abastecimento Social da Conab, Diracy Lacerda.
Articulado pelo presidente da Frente Parlamentar da Agricultura Familiar, deputado Heitor Schuch (PSB/RS), o encontro terá a participação da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag/RS) e de sindicatos dos trabalhadores rurais.
Conforme Schuch, há uma grande demanda por milho entre os produtores de leite, aves e suínos do estado. O problema, assinala, se agravou nas últimas semanas e afeta especialmente a agricultura familiar.
Com a seca que provocou quebra de 27,7% na safra gaúcha, segundo o IBGE, a oferta de milho, que tradicionalmente é reduzida, caiu ainda mais, elevando o preço do produto. A saca de 60 quilos no mercado chega a ser vendida por até R$ 65, valor considerado inviável para as pequenas propriedades, observa o parlamentar.
De acordo com ele, o preço do milho balcão comercializado pela Conab é menor (R$ 48 a saca), mas a logística para entrega, em armazéns distantes de alguns polos produtivos, encarece o frete, o que acaba não compensando.
No Vale do Taquari, por exemplo, enfatiza o coordenador da regional sindical Mauro Lui, o local mais próximo é o município de Marau, obrigando agricultores a percorrer mais de 200 quilômetros. “Se estivesse depositado em armazéns da região, facilitaria o transporte e reduziria o custo”.
A quantidade permitida por produtor, de 14 toneladas/mês, também é considerada baixa, muito aquém da necessidade, principalmente na bovinocultura de leite, cujo limite de compra é de R$ 35 quilos/animal/mês. Uma vaca que produz 30 litros consome no mínimo 7 quilos de ração/dia.
A necessidade de renovar o cadastro junto à Conab todos os anos também é criticada por agricultores familiares. Eles alegam que todos os dados – entre eles, o do número de animais – estão disponíveis nas inspetorias veterinárias e podem ser compartilhados.
“O governo precisa aumentar o volume permitido por produtor, melhorar a logística de distribuição e garantir oferta do produto, trazendo mais milho do Centro-Oeste para o RS e rever essa exigência do cadastro. A própria DAP já serviria como documento comprobatório”, reforça Schuch.