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Gil Reis: A nova revolução agrícola no Brasil envolverá novas tecnologias

Gil Reis*

Com o crescimento populacional do nosso planeta, que deve chegar a mais de 10 bilhões de habitantes em 2050 e não estacionará – ao contrário, continuará a crescer de forma mais rápida –, precisaremos de muita criatividade para conciliar e abrigar em apenas 1/3 de terras os seres humanos, animais silvestres, animais de criação, florestas, montanhas, rios, desertos, pantanais, lagos e agropecuária. A maior parte de nós, com mais idade, não assistirá ao novo cenário que se descortina, mas sim os nossos descendentes.

Stephen William Hawking, nascido em 1942, em Oxford, na Inglaterra, foi um físico e cosmólogo britânico que se tornou mundialmente reconhecido pela sua contribuição à ciência, considerado um dos mais renomados cientistas do século. Ele dizia que, inevitavelmente, o futuro da humanidade seria a colonização de outros planetas para abrigar a crescente população humana. Os desafios para os cientistas estão postos à mesa. Eles têm que descobrir planetas viáveis para a humanidade e reduzir as distâncias cósmicas. Enquanto isso não acontecer, temos que conciliar a tudo e todos no nosso pedacinho de terra, dando tempo aos mestres da ciência para descobrirem a solução para a nossa conquista da galáxia.

No passado, até recentemente, era impossível acontecer a conquista de novos espaços, pois se acreditava que o planeta era plano e os mares infestados de monstros. Alguns não acreditaram e enfrentaram os desafios e aqui estamos nós no chamado ‘Novo Mundo’. Outro aspecto que devemos recordar é que a ‘ficção cientifica’ não prevê o futuro, mas o constrói. Os exemplos estão aí, como os aviões, submarinos, espaçonaves e viagens espaciais, mesmo que hoje somente se restrinja à rota da Lua.

Mas, a proposta deste artigo é falar de novas tecnologias na agropecuária. O site KrASIA publicou, em 15 de julho deste ano, o artigo “A nova revolução agrícola da Ásia: Plantando um futuro de alta tecnologia”, que transcrevo alguns trechos:

“Espera-se que os preços continuem subindo. Enquanto isso, a população da Ásia deverá aumentar em 700 milhões para 5,3 bilhões em 2050. No ano passado, mais de 1,1 bilhão de pessoas tiveram acesso a alimentos adequados somente nesta região. Em toda a região, as empresas estão abordando essa tarefa aproveitando o poder da tecnologia. Alguns estão interrompendo milhares de anos de agricultura tradicional do solo e abrindo novos caminhos, cultivando os alimentos do nosso futuro em rochas, folhas de hidrogel, placas de Petri e prateleiras verticais. Outros trazem aprendizado de máquina para a agritech.

No Japão, os tratores robôs vermelho-cereja servem como novos animais de carga. Na China, os porcos são monitorados por câmeras de roaming e os tomates são colhidos por bots. Do arroz filipino ao camarão vietnamita, a criação seletiva está sendo aplicada para aumentar os rendimentos. O clima está sendo controlado em estufas, fazendas verticais e tanques de peixes. Algumas tecnologias, desde rastrear a saúde do solo até acompanhar a jornada da cadeia de suprimentos de uma manga, estão ficando mais baratas, diz Patricia Sosrodjojo, sócia da Seedstars International Ventures, uma investidora em estágio inicial em mercados emergentes.

Mas Sosrodjojo também alertou que as questões globais “compostas” dos últimos dois anos ilustram a necessidade de mais inovação. ‘As pessoas… perceberam que existe esse maquinário que leva comida ao mercado. E então coisas como o COVID-19 e a cadeia de suprimentos, [problemas] que poderiam acontecer, aconteceram ‘, disse ela em entrevista ao Nikkei Ásia. ‘Isso também serve como um alerta de que essas ameaças são reais.’ Muitas empresas estão investindo em pesquisa para desenvolver soluções para problemas que devem se agravar no futuro. “É melhor preparar a carroça agora e depois prender o cavalo mais tarde”, disse Jauhar Ali, do Instituto Internacional de Pesquisa do Arroz (IRRI), que vem se preparando para a escassez de alimentos modificando geneticamente o arroz para otimizar a nutrição e o rendimento.

Os desafios para os cientistas estão postos à mesa. Eles têm que descobrir planetas viáveis para a humanidade e reduzir as distâncias cósmicas”

A revolução agritech dificilmente poderia ser mais urgente. O crescimento populacional está em alta, mas os estoques estão em baixa, com as reservas de alimentos básicos encolhendo por quatro anos consecutivos até recentemente, de acordo com o Conselho Internacional de Grãos. Os estoques de trigo, cevada, milho, soja e arroz cairão para uma baixa de oito anos de 583 milhões de toneladas em 2023, segundo a organização intergovernamental.

Uma trinca de problemas alimentou a inflação de alimentos: COVID-19, conflitos e mudanças climáticas. A guerra da Rússia na Ucrânia aumentou os custos, de ração animal a fertilizantes. Isso agravou a insegurança alimentar desencadeada por proibições de exportação, acúmulo e confusão na cadeia de suprimentos durante a pandemia. A Agritech tem o potencial de ser parte integrante de um ecossistema de inovação que pode significar que menos humanos passarão fome. Mas seus acólitos precisarão superar impedimentos cruciais, como altos custos de investimento e escassez de energia, se quiserem cumprir suas promessas existenciais.

As fazendas internas são protegidas da chuva, do sol e do calor. Isso dá aos humanos o que nossos ancestrais podem ter visto como controle divino sobre os níveis de água, luz e temperaturas usadas para nutrir suas colheitas escolhidas. A empresa chinesa Kaisheng Haofeng administra uma das maiores estufas do planeta em um país com mais bocas para alimentar. Ele se espalha pela área de 30 campos de futebol na província rural de Shandong, onde os tomates são a estrela do show.

Essa também é a ideia da japonesa Mebiol, que afirma poder cultivar alimentos em lugares áridos. O ex-astronauta japonês Soichi Noguchi certa vez levou sua tecnologia principal para o espaço e conseguiu cultivar ervas em gravidade zero. A invenção do Mebiol parece grama peluda brotando de uma enorme folha de plástico. É uma mistura de nutrientes e água em um hidrogel, que é então achatado em folhas férteis o suficiente para sustentar as plantas. Tal como acontece com as rochas de Orlar no Vietnã, tomates cereja e folhas de mizuna brotam do filme transparente, sem usar solo e com pouca água. O mercado global de agrotecnologia colherá US$ 22,5 bilhões em receita até 2025, acima dos US$ 9 bilhões em 2020, de acordo com a Juniper Research, com sede no Reino Unido.

Mas as fazendas verticais podem ser notoriamente intensivas em eletricidade. Em um exemplo gritante, morangos consumiram 3.000% mais energia em uma fazenda vertical russa do que em uma chilena convencional, escreveram os estudiosos Paul Teng e Steve Kim em uma análise para o blog da Universidade Tecnológica Nanyang de Cingapura no ano passado.”

Além dos trechos que transcrevi do artigo trazem ainda dezenas de outros exemplos do que está acontecendo no mundo em busca de meios para alimentar as populações cada vez mais crescente. Apesar da nossa imensidão territorial, nada impede que o Brasil caminhe na mesma direção. Não para satisfazer os ambientalistas extremados, mas para consolidar a nossa posição de potência agrícola e evitar sanções às nossas exportações de alimentos, promovida pela União Europeia e demais países que temem a nossa concorrência avassaladora no comércio internacional.

*Consultor em Agronegócio

**Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do AGROemDIA

 

 

 

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