Crise traz de volta campanha Natal Sem Fome

A crise socioeconômica trouxe de volta a campanha Natal Sem Fome, promovida pela ONG Ação da Cidadania, fundada em 1993 pelo sociólogo Betinho, morto há 20 anos. Suspensa há 10 anos, a campanha foi relançada neste domingo (15), no Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, e vai até 16 de dezembro.
A campanha retorna três anos depois de o Brasil ter saído do Mapa da Fome da Organização das Nações Unidas (ONU). A meta é arrecadar 500 toneladas de alimentos não perecíveis para enfrentar a falta de comida no Brasil, que aumentou a partir 2014. Os alimentos serão entregues em 20 de dezembro.
A Ação da Cidadania ressalta que 11% da população mundial passa fome. No Brasil são 7 milhões de pessoas, segundo pesquisa PNAD/IBGE 2014. Pela primeira vez, a iniciativa tem o apoio de duas agências da ONU: a Unesco e a FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura).
Os alimentos podem ser doados na sede da Ação da Cidadania (Av. Barão de Tefé, 75, Saúde, Rio de Janeiro) e nos comitês da ONG no DF e dos estados de AL, BA, CE, ES, GO, MA, MG, PB, PR, PE, PI, RJ, RN, RS, RR, SP e SE. As doações também podem ser feitas pelo site www.natalsemfome.org.br.
“Ficou muito claro que, nestes últimos três anos, com a crise batendo forte no Brasil, precisaríamos voltar a trabalhar. O aumento do desemprego, da violência e o retorno que a gente tem dos comitês espalhados pelo país é de que a situação está muito complicada”, diz o presidente do conselho da Ação da Cidadania, Daniel de Souza, filho do sociólogo Herbert de Souza, o Betinho.
“Estamos tentando trabalhar quase que de forma preventiva, para evitar que o país volte a uma situação de risco”, acrescenta Souza. “Logicamente é uma ação simbólica, já que uma cesta básica não dura muito tempo. Mas é uma forma de dar uma atenção especial à população mais vulnerável. A gente não pode voltar para o Mapa da Fome. Isso seria uma derrota muito grande.”