Agroecologia conquista produtores familiares no Tocantins

A produção de alimentos sem o uso de produtos químicos conquista cada vez mais espaço entre os agricultores familiares do Tocantins. Com o apoio do Instituto de Desenvolvimento Rural do Tocantins (Ruraltins) em todos os municípios do estado, eles estão mudando as formas de plantio, a fim de melhorar a qualidade dos produtos ofertados por meio da produção agroecológica sustentável.
Em Arraias, a Comunidade Cajueiro, na zona rural, é um exemplo disso. Lá, depois que os técnicos do Ruraltins implantaram uma horta circular agroecológica, as famílias estão gerando renda com uma produção diversificada, com alface, couve, cebolinha, coentro, abóbora, pimenta, cenoura, beterraba, quiabo e maxixe.
Segundo a produtora e presidente da associação de moradores, Maria de Lourdes Francisca da Conceição, o projeto é muito bom. Mesmo em um pequeno espaço, assinala, as famílias produzem muito, enriquecem o cardápio e geram renda com a venda do excedente.
“O nosso sustento vem praticamente da horta que o Ruraltins trouxe pra nós”, acrescenta. “Daqui retiramos os alimentos para consumo e vendemos o restante em feiras livres, nas cidades vizinhas e para as pessoas que vêm diretamente na horta, além do Compra Direta [nome dado no estado ao Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do governo federal].”
Das 60 famílias que moram no local, ressalta Maria de Lourdes, 12 cuidam da horta agroecológica, sob a orientação contínua dos extensionistas do escritório do Ruraltins em Arraias. “Em 2017, se somarmos tudo, alcançamos mais de R$ 80 mil com a venda dos produtos.”
De acordo com Marcelo Cordeiro Martins, chefe do escritório local do Ruraltins, há cinco anos o órgão presta assistência técnica à comunidade, que aderiu ao projeto da horta e superou as expectativas.
“Em 2012, fomos contemplados com a horta. A Comunidade Cajueiro foi beneficiada porque já adotava práticas agroecológicas, mas precisava da nossa orientação e de tecnologias apropriadas. Desde então, o projeto cresce mais em produtividade a cada ano.”
Com a renda obtida, destaca Martins, a comunidade já comprou um veiculo para a entrega dos produtos. “O próximo passo é ampliar a área, implantando uma horta coberta para que a comunidade continue a produzir mesmo no período chuvoso.”

Chamada pública
Além das hortas agroecológicas, outras ações estão sendo desenvolvidas no estado. Entre elas – informa a gerente de Agroecologia do Ruraltins, Geane Rodrigues –, está a chamada pública em agroecologia, da Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento (Sead), que atende 1.250 agricultores.
A chamada pública começou em 2015 e a previsão é que se estenda até julho deste ano, com investimento de R$ 6,5 milhões. A ação contempla oito municípios na região central, sete no sul do estado e 11 no extremo norte.
“Quando apresentamos as formas de produção orgânica, com o uso de folhas na adubação, de extratos naturais de plantas no controle de pragas e doenças, entre outras opções, os agricultores se interessam, porque isso reduz o custo, o manuseio é fácil e garante a produção de alimentos saudáveis”, enfatiza Geane.
“Na agroecologia, levamos em conta o modo de vida desses produtores, que já produzem de forma mais saudável. O que o Ruraltins faz é apresentar tecnologias que otimizem a produção mais natural, aprimorando os conhecimentos, sempre respeitando a cultura de cada localidade, numa troca de experiência entre os técnicos e os pequenos produtores”, comenta a servidora da Ruraltins.
“Os agricultores familiares estão resgatando hábitos antigos de produção, levando em consideração produtos extraídos da própria natureza ou encontrados na propriedade onde vivem”, observa a gerente de Agroecologia do órgão.
Da redação, com informações do Governo do Tocantins