FPA: Santander defende participação de bancos privados no crédito e seguro rural

O presidente do Santander, Sérgio Rial, defendeu a participação cada vez mais expressiva de bancos privados na concessão de crédito e seguro rural durante reunião com a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), nesta terça-feira (5).
Para Rial, a entrada dessas instituições financeiras abre concorrência construtiva no mercado e possibilita nivelamento de preços, menores taxas de juros e propostas mais segmentadas.
“O Santander quer ser um agente viabilizador para que o mercado (agentes públicos, privados, investidores) participe do que hoje representa 23% do PIB do país: o setor agropecuário”, enfatizou.
Rial destacou ainda o planejamento de interiorização no atendimento feito pelo banco para o setor agropecuário. “Vamos abrir, até o fim do ano, 22 lojas físicas vocacionadas ao agro com bancários formados em agronomia para entender cada cultura e lavoura de pequenos e médios produtores rurais do país. Isso resulta em propostas com custo-benefício melhores para cada situação e cada cliente.”
De acordo com ele, o banco dispõe hoje de cerca de R$ 15 bilhões para atender o mercado agrícola. Em relação ao seguro rural, o presidente afirmou que quanto mais regionalizado, melhor será a capacidade das seguradoras e agentes precificarem.
Eficiência e equilíbrio
A presidente da FPA, deputada Tereza Cristina (DEM-MS), acrescentou que é preciso ter uma política agrícola mais eficiente e equilibrada. “Precisamos dar segurança e previsibilidade ao produtor, principalmente ao pequeno e médio, nas operações de financiamento. Precisamos simplificar os processos. E simplificar inclui em propostas com maiores e melhores incentivos financeiros e fiscais”.
Para a parlamentar, a agricultura está sobrecarregada com elevados tributos e custos de produção que prejudicam sua inserção na concorrência internacional. “O Brasil é a maior potência agrícola do mundo e não consegue consolidar espaços que tem condição de ocupar no mercado externo por causa de gargalos tributários e financeiros sofridos na porteira para dentro.”
Com a segmentação do atendimento para o setor agropecuário, como defende o Santander, o vice-presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), acredita que propostas com taxas menores de juros sejam apresentadas para cada agricultor que precisa do crédito. “Com a personificação do atendimento, o risco será baseado, bem como a taxa de juros, somente no cliente atendido e não em outras operações de risco do banco. Fazer seguro rural pela taxa de risco e não pela taxa geral de juros.”
Segundo Moreira, o que vemos hoje é um país com uma inflação de 3% achar barato uma taxa Selic de 6,5%. De acordo com o vice-presidente, o juro médio em uma operação de crédito rural gira em torno de 12%, sendo 9% de lucro líquido que não vai para o agricultor.
Para o deputado Marcos Montes (PSD-MG), ex-presidente da FPA, é preciso dar opções mais diferenciadas das que se têm atualmente ao produtor rural no acesso ao crédito. “O agricultor precisa contar com novas modalidades de financiamento e não só bater na mesma porta. Queremos melhorar, expandir e facilitar esse mercado para o campo”.
Conforme o deputado Valdir Colatto (MDB-SC), coordenador de Meio Ambiente da FPA, as taxas de juros aplicadas nas propostas de financiamento não cabem no bolso do produtor rural. “A conta não fecha. É preciso dar alternativas para o agricultor escolher qual proposta tem o melhor custo benefício”.
A regionalização, reforça Colatto, é um grande ganho e o Santander conseguiu enxergar isso. “Nem 20% das lavouras hoje em dia no país possuem seguro rural. É preciso ir lá conhecer a realidade das pequenas produções para oferecer a melhor opção”.
Ainda segundo o parlamentar catarinense, o crédito rural sempre foi aberto a todos os bancos, mas falta atratividade para as instituições financeiras privadas. “Agora temos um aceno. É iniciativa privada entrando em um mercado monopolizado pelos bancos oficiais”.