Pecuaristas do Pantanal calculam prejuízos causadas pelas queimadas

Com as pastagens em chamas, pecuaristas do Pantanal falam em perdas incalculáveis neste ano. O fogo já alcançou pequenas e grandes propriedades rurais em Mato Grosso, principalmente no município de Poconé, levando os produtores a começar a calcular os prejuízos.
A preocupação do pantaneiro e biólogo Elson Gonçalves dos Santos, 49 anos, é com a propriedade do irmão, atingida pelo fogo após levar cinco anos para se recuperar da queimada anterior. “Você fica sem o capim e não consegue alimentar o gado. Sem a palhada, o rebanho emagrece e a produção cai. Até recuperar como era antes, leva muito tempo.”
Segundo o produtor rural, um dos grandes problemas são as propriedades abandonadas na região. “Tem gente que compra terra no Pantanal e não cuida. A pastagem sem tratamento adequado vai acumulando gases e, com a seca, entra em combustão naturalmente. Com isso, quem sofre são as propriedades vizinhas de gente que precisa e cuida do pasto e acaba sendo prejudicada”.
Na Fazenda São José, de Ricardo Arruda, não há mais cerca. “Felizmente, o gado não foi atingido, mas não tenho mais cerca para prender os animais. Corro o risco de eles sumirem e eu perder animal por conta da evasão. Agora vou ter que remanejar toda a fazenda para cercá-los novamente.”
Em Poconé, o sindicato rural é um dos articuladores do comitê que reúne produtores e autoridades do município envolvidos no combate às queimadas. Conforme o presidente do sindicato, Fábio Gomes, a instituição é um dos polos para as discussões do plano de ação. “Estamos vivenciando a maior seca dos últimos 40 anos e criamos um comitê para analisar possibilidades de atuação com os órgãos públicos”.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Santo Antônio do Leverger, Antônio Carlos Carvalho de Sousa, o maior inimigo é a baixa umidade. “A vegetação está muito seca, a umidade está baixa e qualquer faísca pode levar a uma queimada. O clima seco torna muito mais difícil de controlá-la”.
Capacitação
Todos os anos são ministrados treinamentos de combate ao fogo na lavoura e formação de brigadas de incêndio pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural de Mato Grosso (Senar-MT).
“A pandemia impactou diretamente nos treinamentos e não pudemos realizá-los, mas os sindicatos têm se reunido frequentemente com os produtores e repassado as orientações”, diz o supervisor da Regional de Cuiabá do Senar-MT, Natalino Márcio. Neste ano, assinala, foi adotada outra estratégia devido à impossibilidade de realização da reciclagem das capacitações.
O Corpo de Bombeiros do Estado de Mato Grosso tem os produtores como um dos suportes no enfrentamento às queimadas. “Os produtores rurais nos dão apoio incondicional para a contenção de incêndios em vegetações e são os principais parceiros para promover ações de combate de incêndio no estado”, pontua o comandante do Batalhão de Emergência Ambiental, tenente-coronel BM Gledson.