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Distorções

*Gil Reis

O Brasil imaginário é alimentado por ‘fakes informations’, um alimento que o agro brasileiro não produz e se recusa a produzir. Tal alimento tem sua origem nas ‘pitonisas oficiais’ cooptadas pelo agressivo IPCC, um braço da ONU. Às nações que se uniram para usar as teses ambientalistas, cabe uma indagação: qual objetivo dessa união? Este é um daqueles casos que a resposta se delineia nas ações desenvolvidas através de ‘terrorismo ambiental’, promovido por alguns ambientalistas extremistas, afirmando que haverá a extinção da vida na superfície do nosso ‘planeta água’, provocada por ações humanas, o que me recuso a acreditar.

Toda a campanha desenvolvida com a pregação de alterações climáticas e aquecimento global, a meu ver, é travestida de proteção ambiental, quando a realidade nua e crua começa a ser desvendada, revelando que o objetivo real é a manutenção da primazia no comércio internacional por algumas nações, ao mesmo tempo em que alavancam o ‘neocolonialismo’ dirigido contra os países em desenvolvimento do mundo ocidental – no restante do mundo, não obtiveram qualquer sucesso.

Além da África, grande parte já dominada pelo colonialismo, onde a campanha se destina a fortalecer e manter o ‘status’, a América do Sul é o alvo, principalmente o Brasil, a sua porta de entrada. Não é sem motivo que a campanha contra o nosso país é voltada especificamente contra o agro e a sua produção de alimentos. Como já mencionei em artigo anterior, a revolução no agro brasileiro ‘decuplicou’ a sobrevivência da humanidade, produzindo alimentos para a população prevista de 10 bilhões em 2050, além de suprir as necessidades alimentares de aumento populacional por vários séculos. Além do protagonismo no comércio internacional, as nações que pregam as teses ambientalistas das ‘pitonisas oficiais’ almejam o domínio das fontes de produção de alimentos.

As teses ambientalistas vêm sendo derrubadas ao longo do tempo. Uma delas, os tais ‘buracos na camada de ozônio’ provocados por ações humanas, somente sobreviveu o tempo suficiente para que os ‘cientistas não oficiais’ estudassem e divulgassem as suas origens. “Na estratosfera, o ozônio é criado quando a radiação ultravioleta, de origem solar, interage com a molécula de oxigênio, quebrando-a em dois átomos de oxigênio (O). … O átomo de oxigênio liberado une-se a uma molécula de oxigênio (O2), formando assim o ozônio (O3)”. Trocando em ‘miúdos’: enquanto houver oxigênio na atmosfera e raios solares, haverá a proteção da camada de ozônio, independentemente das ações humanas. É preciso esclarecer que durante a noite ela desaparece.

Apesar de tudo, a guerra continua, e os ambientalistas usam todo o tipo de argumentos, inclusive distorções matemáticas na aferição do metano na atmosfera, como demonstram Pedro Camargo Neto, engenheiro, pecuarista e ex-presidente de entidades de classe do setor rural, e Maurício Palma Nogueira, engenheiro agrônomo, diretor da Athenagro e coordenador do Rally da Pecuária. Essas duas reconhecidos lideranças do agro tratam do assunto em artigo publicado em 29/12/2021 em ‘O Estado de São Paulo’, sob o título “Clima, metano e o boi”. Transcrevo alguns trechos:

“Mesmo aceitando todas as premissas superestimadas para o efeito da pecuária no ambiente, seria preciso recalcular o peso da pecuária nas emissões globais. O passivo da pecuária apresentado hoje inclui as emissões de todo o rebanho quando, na verdade, deveria considerar apenas as emissões do rebanho acrescido. O aumento das emissões que impactariam mudanças climáticas ocorreria apenas a partir do acréscimo de cabeças no rebanho, não levando em conta os animais que já estavam emitindo no início da análise. Um rebanho estável não amplia emissões considerando que o metano em seu curto ciclo retorna ao solo, deixando de causar o efeito estufa.

Analisando o período de 1990 a 2020, o rebanho mundial de bovinos, com base em números compilados a partir da FAO, USDA e IBGE, aumentou 230 milhões de cabeças, o equivalente a 16,2% em 30 anos. No Brasil, nesse período, o rebanho aumentou 44 milhões de cabeças, o equivalente a 29,7% nos mesmos 30 anos.

É sobre essa variação que deveriam ser computados os acréscimos da contribuição da pecuária em relação às emissões entéricas. Assim, globalmente, nesse período, as emissões da pecuária são apenas 16% do divulgado pelos institutos. No caso do Brasil, a contribuição com o aumento nas emissões seria apenas 30% do que normalmente é divulgado, considerando os últimos 30 anos.

É preciso também considerar outra variável. O objetivo da pecuária é o produto e não o estoque. Sendo assim, o que interessa é a produção de carne, leite e outros produtos.

No mesmo período a produção global de carne aumentou 28%, evidenciando que a pegada de carbono da pecuária tem melhorado ao longo dos anos. Entre 1990 e 2020, o rebanho cresceu a uma taxa média de 0,5% ao ano, enquanto a produção mundial cresceu a uma taxa de 0,82% ao ano.

No Brasil, o desempenho é ainda melhor. A produção aumentou 145%, atingindo a incrível taxa de 3% ao ano no crescimento de produção de carne, enquanto o rebanho aumentou 0,87% ao ano. E estamos ainda bem longe do potencial de produção do Brasil. O perfil dos produtores entrevistados pelo Rally da Pecuária, expedição que percorre anualmente as principais regiões produtoras, atinge produtividades médias 2,5 vezes acima da produtividade média nacional. E o ritmo de aumento no desempenho é cerca de 4,5 vezes maior que a elevação anual na produtividade média da pecuária.”

Como os leitores podem perceber, os autores foram extremamente educados e não denominaram de ‘distorções’ as premissas estabelecidas para a aferição dos gases do dito ‘efeito estufa’ emitidos pela pecuária brasileira, preferindo derrubá-las de forma delicada, com argumentos sólidos e base científica. Pois bem: este é o mundo no qual vivemos e que a maioria dos brasileiros desconhece.

Mesmo assim, a pecuária brasileira, com as inovações introduzidas pela Embrapa, vem reduzindo a emissão dos gases de efeito estufa através de manejo orientado, alcançando um enorme ganho de produtividade, apesar do que pregam algumas ‘influencers’, verdadeiras ‘heroínas sem causa’, ou melhor dizendo, em causa própria.

*Consultor em Agronegócio

 

 

 

 

 

AGROemDIA

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