Abrapa propõe embarques de algodão pelo Norte e Nordeste

Exportar parte do algodão produzido no Brasil pelos portos do Norte e do Nordeste pode ser a alternativa para diminuir a pressão sobre o Porto de Santos, e, consequentemente, os atrasos no embarque da pluma, agravados no ciclo 2016/2017 pela falta de contêineres e de caminhões no período de pico da safra.
A solução foi apresentada pela Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), durante reunião da Câmara Temática de Infraestrutura e Logística do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), em Brasília.
A proposta foi detalhada pelo vice-presidente da Abrapa, Júlio Cézar Busato, que preside a Câmara Temática de Insumos da Agropecuária, na qual o assunto já vem sendo estudado. A ideia é que as duas câmaras, e também a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, trabalhem em conjunto para encontrar uma resposta para o problema.
Segundo Busato, a alternativa mais viável é criar novas rotas, com frequência regular, nos portos do Norte e Nordeste. Isso, acrescenta, contribuiria para a produção do Matopiba, região formada pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia – este último é o segundo maior produtor de algodão do Brasil.
De acordo com Busato, que também é presidente da Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), a Bahia já faz alguns embarques pelo Porto de Salvador. E a associação estadual intensificou as conversas com o Grupo Wilson Sons, operador do Terminal de Contêineres do Porto de Salvador (Tecon), para ampliá-los.

“Hoje, de 1,8 milhão de toneladas de pluma que o Brasil exporta, em torno de 800 mil toneladas abastecem o mercado interno e o restante é exportado, principalmente, para o sudeste da Ásia. Como não há expectativa de aumento considerável do consumo interno, é imperativo exportar para o setor algodoeiro nacional crescer”, ressalta Busato.
No entanto, assinala o vice-presidente da Abrapa, o comprador estrangeiro quer ter segurança de que terá o algodão brasileiro na hora e no lugar certo. Atualmente, 90% do algodão brasileiro saem pelo Porto de Santos.
Conforme levantamento de intenção de plantio da Abrapa para 2017/2018, o Matopiba deve produzir em torno de 575 mil toneladas de pluma. Do total, cerca de 60% são para exportação.