Secretaria do Mapa reedita “campeões nacionais” de Lula, reclama Abrafrigo
A Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) quer que a ministra Tereza Cristina (Agricultura), cancele a teleconferência marcada para a próxima segunda-feira (6) com representantes do governo da China, a fim de prosseguir com a negociação para a habilitação de novas plantas frigoríficas exportadoras de carne para o mercado do país asiático. Para a entidade, antes é preciso esclarecer a nova exigência dos chineses para que as empresas habilitadas já vendam o produto à União Europeia.
Em nota, a entidade atribui à Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI) a aceitação do novo critério proposto pelos chineses. Com esta medida, enfatiza o presidente da Abrfrigo, Péricles Salazar, a SCRI está reeditando a política de “campeões nacionais” dos governos Lula e Dilma.
Ainda de acordo com ele, há pelo menos quatro anos a União Europeia não faz novas habilitações de frigoríficos brasileiros e há 15 anos não promove extensão territorial dos estados exportadores.
“A entidade reafirma a sua absoluta confiança na ministra, assim em todo o corpo técnico do Ministério da Agricultura, mas entende que o equívoco que está sendo cometido pela Secretaria de Comércio e Relações Internacionais não pode e nem deve seguir adiante”, ressalta Péricles Salazar.
De acordo com a entidade, a exigência de já ser exportador para UE não consta do protocolo assinando há quatro anos entre os governos brasileiro e chinês e que estabeleceu os parâmetros técnicos e sanitários para a habilitação de frigoríficos. “Também não há nenhum documento oficial chinês exigindo isso”, pontua a nota Abrafrigo.
“Não se pode admitir que a Secretaria de Comércio e Relações Internacionais do Mapa, devido a um simples telefonema, mude toda uma negociação que se arrasta há meses”, argumenta Péricles Salazar.
“Com essa exigência, a concentração da exportação para o mercado chinês será espantosa. A JBS, que hoje já é responsável por 75% das vendas de carne bovina para a China, vai passar a responder por 80%”, acrescenta o presidente da Abrafrigo.
“Então, acreditamos que isso não é parâmetro para se afirmar que os que exportam para a Europa sejam melhores ou piores que os demais. Essa linha de conduta fere frontalmente o protocolo técnico e sanitário vigente e este assunto está sendo acompanhado pelo setor industrial, pelos produtores rurais, políticos e representantes dos estados produtores que vão ficar de fora injustamente, diante do novo critério estabelecido de última hora pela SRI”, afirmou, na nota, Péricles Salazar.